terça-feira, 30 de dezembro de 2014

OS MANDATOS CRIACIONAIS:

OS MANDATOS CRIACIONAIS:
Rev. João Ricardo Ferreira de França.*
Introdução:
            O registro da revelação apresenta-se com três mandatos específicos Cultural, Social e Espiritual. Estes mandatos são os condutores da aliança de Deus com seu povo. Estes fios condutores da aliança configura a vida humana em sua totalidade. Dentro desta concepção insere-se a ideia da tríplice estruturada bíblica de uma cosmovisão que envolve: a criação, queda e redenção.
A tríplice estrutura e os mandatos criacionais são discutidos e apresentados pela Teologia Bíblica.  A definição desta ciência é a seguinte: “Teologia bíblica é aquele ramo da teologia exegética que lida como o processo da auto revelação de Deus registrada na Bíblia”.[1]  
Podemos assegurar que a cosmovisão [baseada na tríplice estrutura: criação, queda e redenção] é permeada pelos mandatos da criação como fios condutores do pacto de Deus com o homem. Diante disso passaremos a estudar as três ordenanças criacionais:
I – MANDATO CULTURAL.
            O que significa este mandato? Este mandato “acentua especificamente a relação da humanidade com o cosmos” [2]. A criação é o teatro da glória de Deus e o palco de nossa atuação.
Onde se fundamenta este mandato? A resposta encontra-se no texto de Gênesis 1.28: “E Deus os abençoou e lhe disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”
            A primeira frase deste texto “sede fecundos, multiplicai-vos” – “significa desenvolver o mundo social: formar famílias, igrejas, escolas, cidades, governos, leis. A segunda frase - enchei a terra e sujeitai-a – significa subordinar o mundo natural: fazer colheitas, construir pontes, projetar computadores, compor músicas.” E se faz necessário insistir que a passagem em foco é “chamada de o mandato cultural, porque nos fala que nosso propósito original era criar culturas, construir civilizações – nada mais”[3]
            O mandato cultural implica na redenção de culturas inteiras. O vocábulo dominar, empregado aqui nesta passagem, indica a ideia de “capacidade real e supervisão”. A palavra hebraica empregada “ וְיִרְדּוּ ”(veiredu) que vem da raiz “hdr” (radar) que tem o sentido de “governar, dominar” e até “subjulgar”[4]. Sabemos que em “Gênesis 1.26, 28, o verbo ocorre com um sentido positivo quando se declara que a humanidade, criada à imagem de Deus, deve subjugar a terra e reinar sobre (rdh) todos os animais. À espécie humana é dada a responsabilidade sobre a criação de Deus, como fica evidente pelo fato de que esse comando é parte da bênção de Deus (1.28)”[5].
            Devemos ressaltar que o uso do verbo dominar aqui não consistia em uma “licença para a humanidade abusar das ordens da criação”, mas pelo contrário ele deveria “ser apenas um vice-regente de Deus, e a ele, tinha de prestar contas”.[6] O aspecto da “Imago Dei” é a força propulsora para o conceito do mandato cultural na esfera do domínio neste mundo.
            Ao estudarmos sobre este mandato aprendemos que o homem é chamado para santificar e colocar cada esfera de sua vida, sua educação, seus recursos nas mãos de Cristo; e, feito isso, saber administrar cada área já mencionada para a glória de Deus neste mundo. Nancy Pearcey nos alerta: “A lição do mandato cultural é que nosso senso de cumprimento depende de nos dedicarmos ao trabalho criativo e construtivo”.[7] A isso nós chamamos de redenção cósmica. Deus nos deu este mandato para exercermos o domínio nas mais diversas áreas do saber; e para o resgate das culturas para a glória dele somente.

II – O MANDATO SOCIAL
            O segundo mandato a ser considerado é chamado de Mandato Social. Van Groningen vai dizer que este mandato pactual “fala das relações sociais’[8]. Este mandato está fundamentado em Gênesis 2.21-24:
Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.
Temos a estrutura familiar estabelecida. A família é ordenada em termos de um desapegar-se  e unir-se a outrem. Embora, já tenhamos considerado que um dos aspectos do mandato cultural é a criação familiar. Isto se torna evidente por causa da ordem divina de haver uma “fecundação e multiplicação” em Gênesis 1.26-28; todavia, esta ordem da formulação familiar está pertinentemente estabelecida aqui neste trecho de Gênesis 2.21-24.
A criação da mulher tem como objetivo evitar a solidão de Adão. O princípio extraído aqui é que o homem não é uma ilha, isolada, sozinha sem relação com outros. O companheirismo é algo que Deus prima em sua criação – o casamento não deve ser uma prisão para os solteiros, mas a liberdade da amizade e cumplicidade matrimonial.
Longman III tem uma palavra muito significativa sobre esta realidade e declara que o “casamento envolve um homem e uma mulher deixarem os pais e constituírem uma nova unidade familiar”.[9] Van Groningen novamente nos diz que este “mandato pôde ser dado porque Deus criou a humanidade à sua imagem e semelhança e como macho e fêmea. O relacionamento tinha que ser visto como um de igualdade diante de Deus”.[10]Aqui aprendemos que a organização familiar exige uma relação heterossexual. Adão se une a sua mulher. E não a outro homem, nem mesmo uma mulher se une a outra. Mas o que está escrito é que “macho e fêmea” formam uma unidade neste mandato.
Em Gênesis 1.28 temos a extensão deste mandato de forma interessante. A finalidade na geração de filhos e filhas para cumprir este mandato pactual era de capital importância. “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra”. O verbo fecundar que aparece no texto no hebraico é “פְּר֥וּ” – peru – tem o sentido de “frutificar”. O mandato social estabelece uma necessidade que o homem tem constituir familias e sociedades para cumprir a ordem original de Deus dada à raça humana. O homem deveria continuar sua posição de dominio social com a perpetuação de sua prole.
III – O MANDATO ESPIRITUAL.
            O terceiro aspecto a ser considerado é o Mandato Espiritual. Envolvia comunhão e obediência a Deus. Esta comunhão estava marcada pelo dia de adoração ao soberano de todas as coisas. Conforme vemos em Gênesis 2.1-4:
Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou.
            O conceito embrionário de um dia descanso esta alicerçado nesta passagem que evoca a comunhão primeva que o casal Adão e Eva desfrutavam com Deus. O shabbath de Deus entra em ação na narrativa bíblica “וַיִּשְׁבֹּת֙ ” ao trazer o sábado à existência Deus estava condescendo ao homem para que este pudesse desfrutar de uma comunhão intima e pessoal com Deus.
            Devemos lembrar que a guarda do sábado estava ligada aos dois mandatos pactuais anteriores:
A convicção que a guarda do sábado é uma obrigação perpétua se baseia em parte na instituição do sábado em Gênesis 2.1-3. Juntamente com o trabalho (Gn. 1.24; 2.15) e o casamento (Gn. 2.18-25), Deus instituiu o sábado para governar a vida de toda a humanidade. Assim como são permanentes as ordenanças do trabalho e do casamento, assim é a ordenança do sábado”.[11]
            No mandato espiritual ou de comunhão o homem é criado para que possa deleitar-se no dia que Deus separou para ele. Esta comunhão com Deus se dava no ambiente litúrgico.
            Ainda neste mandato estava envolvida a ideia de obediência perene a Deus conforme vemos em Gênesis 2.16-17:
E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
            Aqui temos o homem sendo chamado a pactuar com Deus. Este pacto tem sido considerado como pacto das obras, e parece-nos, que alguns sugerem que Adão deveria obedecer este pacto para obter vida eterna. Todavia, alguns preferem chama-lo de pacto de vida; e por quê? A resposta é simples aqui Deus não lhe promete a vida, mas lhe assegura da morte certa caso o desobedeça.
            A vida marcada pela comunhão com Deus e por uma espiritualidade autêntica. Adão deveria preservar essa comunhão que implicava em vida; todavia, este homem deliberadamente decide violar o pacto, violar a comunhão e em resposta a esta rebeldia ele recebe a morte.[12]
            Este mandato pactual implica numa vida de obediência e adoração a Deus de forma inegociável. O homem foi criado para glorificar a Deus e se deleitar nele, e isto é feito mediante a obediência irrestrita a Palavra de Deus bem como em celebração litúrgica a Deus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
            Na Teologia Reformada este tema dos Mandatos Criacionais é amplamente desenvolvido, todavia, é pouco aplicado e lecionado à igreja de Cristo. Podemos, ver nesta breve introdução o quão é importante para a vida e maturidade da igreja. Vimos neste estudo que a ordem para governar a terra tem sido negligenciada pela igreja de nossos dias; bem como a preservação das relações sociais hoje é ameaçado pela criação de leis contrárias a Palavra de Deus.
            No espectro espiritual podemos tirar como implicação o fato da fraqueza e letargia da igreja deve-se ao fato da negligência profunda de uma comunhão autêntica com Deus no dia do Senhor (domingo ou sábado cristão); pois, a igreja de hoje está caminhando para o secularismo, individualismo e pragmatismo – o divino não ocupa, mas a centralidade na vida das pessoas; a comunhão virou apenas temas de sermões para o final de ano, pois, cada qual vive no seu mundo sem viver a comunhão dos santos e a igreja tem empregado esforços para que haja resultados imediatos – negligenciando o crescimento saudável da igreja por meio do culto corporativo no dia do Senhor.
            Devemos reconhecer que fomos e somos criados para a obediência irrestrita a Deus e nos deleitarmos nele; devemos cumprir os nossos papéis originais intencionados por Des para a nossa vida. Deus nos criou para que tivéssemos o domínio sobre este mundo como vice-regentes, reconhecendo que cada espaço na criação é reclamado por Cristo como sendo de sua exclusiva propriedade.
            Neste processo devemos trazer à mente e ao coração que as nossas famílias são também projetos de Deus para nós, constituir famílias está atrelado à intenção original de Deus para a humanidade. A sociedade necessita de famílias equilibras e tementes a Deus o casamento e a procriação de uma descendência santa são alicerces fundamentais para a construção de uma sociedade justa.
            Por fim, devemos trazer ao coração que aquilo que confere sentido à existência é eterno e imperecível, por isso, devemos reservar um tempo para a contemplação e adoração ao Deus eterno que tudo criou. O encontro com Yahweh no seu dia é de capital importância para nós, pois, é no culto onde a nossa alma é alimentada e alentada pela Palavra imperecível de Deus. O culto familiar, o culto individual e o público são oportunidades únicas de um deleitoso prazer em Deus.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1.      GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1.
2.      ____________________. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
3.      KAISER JR., Walter C. O Plano da Promessa de Deus – Teologia Bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011.
4.      KILPP, Nelson. Dicionário Hebraico-Portugês e Aramaico-Português. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Editora Vozes, 1987.
5.      LONGMAN III, Tremper. Como Ler Gênesis. Márcio Lourenço. São Paulo: Vida Nova, 2009.
6.      PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
7.      PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Os puritanos, 2000.
8.      VANGEMEREN,Willem A.(org.) Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento. Tradutor: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.1052.
9.      VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Alberto Almeida de Paula. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.



* O autor é Ministro da Palavra pela Igreja presbiteriana do Brasil. Atualmente é pastor na Primeira Igreja Presbiteriana de Piripiri – PI. Formou-se em Teologia Reformada no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife- PE. Foi professor de línguas bíblicas (Grego e Hebraico) no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPFB) Recife – PE. É casado com Géssica Araújo Soares Nascimento de França e é pai de Lucas Luis Nascimento de França.
[1] VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Alberto Almeida de Paula. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p.16.
[2] GRONINGEN, Gerard van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.100.
[3] PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.51.
[4] KILPP, Nelson. Dicionário Hebraico-Portugês e Aramaico-Português. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Editora Vozes, 1987, p.223.
[5] VANGEMEREN,Willem A.(org.) Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento. Tradutor: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.1052.
[6] KAISER JR., Walter C. O Plano da Promessa de Deus – Teologia Bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011, p.39.
[7] PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.53
[8] GRONINGEN, Gerard van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.100.
[9] LONGMAN III, Tremper. Como Ler Gênesis. Márcio Lourenço. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.132.
[10] GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1, p.91.
[11] PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Os puritanos, 2000, p. 29.
[12] Cf. GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1, p.92.

sábado, 6 de dezembro de 2014

FORMANDO A IDENTIDADE PRESBITERIANA.

Curso de Identidade Presbiteriana.
Estudo 01
FORMANDO A IDENTIDADE PRESBITERIANA.
Professor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
            Tratar do tema de identidade presbiteriana tem sido um grande desafio durante os meus anos frente à liderança de igrejas presbiterianas, pois, geralmente quando organizo uma série de estudos sobre este tópico fico surpreso quando muitos membros não sabem nada sobre sua identidade espiritual.
            Quando se pensa em uma identidade logo se busca os traços distintivos de uma pessoa – tal como a cor do cabelo, a cor da pele, a cor dos olhos, o tamanho e o peso. E incluem-se dentro dessas categorias de identidade tudo aquilo que gostamos ou não gostamos de fazer, tudo isso define quem somos, resume e compreende a nossa identidade. E o que é mais importante nisso tudo consiste em nossas convicções, o que cremos e confessamos formam a nossa identidade também.
            No tempo pós-moderno a identidade foi diluída pela negação conceitual da verdade absoluta. Nada mais define quem é você  ou o que você faz, pois, a verdade não existe em nossa atual cultura. Ou seja, as identidades hoje são forjadas (LUCAS, 2012, p.17) não há noção de herança, herdade e coisa do gênero.
            Ao introduzir este estudo falando sobre identidade temos como objetivo elucidar que as mesmas características aplicadas à identidade pessoal aplica-se de igual modo à identidade denominacional. Ou seja, por que somos presbiterianos?
I – CONVICÇÕES PRESBITERIANAS.
            Para saber sobre a nossa identidade presbiteriana devemos primeiro, resumidamente compreender as convicções e crenças presbiteriana, claro que de modo bem geral. Os presbiterianos enfatizam cinco ideias fundamentais que são suas convicções:

1.1 – Cremos na soberania de Deus.
            Esta convicção significa que Deus é rei de todas as coisas. Ele governa cada átomo deste universo. Este é um ensino claro nas Escrituras (1 Crônicas 29:1; Isaias 55:8-9; Romanos 11:33; Romanos 11:36; 1 Crônicas 29:10-11).
1.2 – Cremos na prioridade da Graça de Deus.
“A maravilhosa graça de Deus vem de encontro a nosso mais profunda necessidade: somos pecadores carentes de misericórdia. Não merecemos a misericóridia de Deus, mas Deus a demonstra de maneira mais suprema na morte e ressurreição de Jesus em favor de pecadores como nós”(LUCAS, 2012, p.19) – ou seja, a graça de Deus é o fundamento para a nossa vida (Efésios 2.4-8).
1.3 – Cremos na Teologia do Pacto
            Ao assumir esta crença aceitamos o fato de que pelas Escrituras Deus vem contando a grande história da obra da redenção, começando no Éden (Gênesis 3.15) até o apocalipse (Apocalipse 22.14-21). A teologia da aliança é formantada em duas grandes nomemclaturas: O pacto da obras (obediência) feito com adão e sua posteridade no Jardim do Éden (Gênesis 2.15-17) e o Pacto da Graça feito com o senhor Jesus Cristo e os seus eleitos – o pacto é permeado pela perspectiva da promessa redentiva.
1.4 – Entendemos a natureza da Igreja um pouco distinta das demais denoninações.
            Na concepção bíblica a Igreja tem dois aspectos importantes ela é visivel e invísivel, entretanto, quando usamos a  “designação de visível e invisível não estamos nos referindo a duas igrejas distintas. Cristo fundou uma só Igreja;”(RYLE, 2013, p.1) A Escritura nos apresenta os aspectos distintivos da igreja: Igreja Invisível  (1 Coríntios 12.12-13); Igreja Visível (Atos 2.47). Dentro desta concepção entedemos que a Igreja é governada por uma pluralidade de presbíteros (Atos 14.26; 20.17,28) e que a esta igreja são afiliadas a elas os crentes adultos bem como os seus filhos.
1.5 – Entendemos os sacramentos de modo distinto dos demais evangélicos.
            A tradição presbiteriana entende que ao tratar de batismo isso envolve as famílias, Deus não quer apenas o individuo ele quer a família  completa, conforme aprendemos em Gênesis 17.9-14 – a circuncisão é o modelo deste relacionamento sacramental de Deus com as famílias, ou seja, este é o sinal pactual para Abraão e seus filhos. No livro de Atos, portanto, no Novo Testamento, este sinal é substituído pelo batismo e as famílias são inseridas na igreja mediante o batismo (Atos 16.13-15;31-33)
II – PRÁTICAS DOS PRESBITERIANOS
            As nossas convicções são nossas cosmovisões. Pois, “cosmovisão é um conjunto de crenças sobre as questões mais importantes da vida.” (NASH, 2012, p.25), todavia, as convicções presbiterianos inevitávelmente devem nos conduzir para as práticas presbiterianas. “Quando nos referimos a práticas, estamos falando de ações receptivas  mediante as quais nossas convicções quanto a Deus e a seus propósitos para nós são reforçadas” (LUCAS, 2012, p.21)
            A riqueza doutrinária, conforme vimos resumida acima, do presbiterianismo empolga o nosso coração, isso é tão verdade que alguém disse: “Quem conhece o presbiterianismo, não sai dele” e como colocou outro pastor presbiteriano “Quem conhece o presbiterianismo fica, queira o não, empolgado”. (NASCIMENTO; MATOS, 2007, p.8)
            Deve-se lembrar que a ortodoxia deve nos levar paras a ortopraxia (doutrina correta nos leva à práticas corretas) vejamos as práticas presbeiterians decorrentes de suas convicções:
2.1 – Práticas da piedade presbiteriana
            Estas estãos sempre voltadas para um caminhar com Deus. Estão geralmente associadas ao culto comunitário; que consiste do fruto de como experimentamos a unão e comunhão com Deus pelo Espírito que é mediante a pregação palavra; esta pregação molda a nossa espiritualidade, confronta o nosso egoísmo e nossos pecados; bem como essa piedade é formentada pelos sacramentos e pela oração.
2.2 – Práticas Litúrgicas presbiterianas
            Os presbiterianos possuem uma prática de liturgia singular. Cremos no chamado Principio Regulador do Culto  - ou seja, cada prática no culto deve ter autorização das Escrituras, e isto por meio de um mandamento expresso, um exemplo histórico ou inferência lógica. Deste princípio nasce o que chamamos de elementos do culto presbiteriano que são:
a) Leitura e Pregação da Palavra
b) Os Sacramentos – Batismo e eucaristia
c) O Cântico de Salmos
d) Oração
e) contribuição
            O culto presbiteriano é marcado pela “Ordem e decência” (1ª Coríntios 14.40) isso tudo nos fala dos nossos negócios com Deus.
2.3 – Práticas Presbiterianas quanto a Eclesiologia.
            Como já vimos que o governo da Igreja Presbiteriana é por meio da pluralidade de presbíteros; os presbiterianos tem um Manual de Ordem eclesiástica que nos diz desde coisas como a natureza da Igreja até a escolha de seus oficiais, como deve ser feita e tudo o que é necessário para vida eclesiástica. Existem dois ofícios dentro da igreja que são
a) Presbíteros e b) Diáconos.                                                                      
            Dentro do Oficío de Presbíteros existem duas classes que são:
a) Presbíteros Docentes: que são os pastores da Igreja o que se afadigam na palavra e no ensino; b) Os Presbíteros Regentes: que auxiliam ao presbítero docente no governo da Igreja. (1ª Timóteo 5.17)
Conclusão:

            A riqueza do sistema presbiteriano é incalculável, por isso, devemos resgatar urgentemente a nossa identidade presbiteriana; pois, ela moldura para nós as práticas piedosas do carater cristão.