sábado, 30 de agosto de 2014

A IGREJA DE DEUS

A IGREJA DE DEUS
 (1 Coríntios.1.1-5)
   Este texto é breve, mas pertinente para a nossa vida como cristãos; aqui de forma clara temos Paulo, o apóstolo, nos lembrando que a vocação pastoral dele não se dá por sua instrução, por sua capacidade ou algo de bom que ele tenha, mas ele é chamado [klhto.j - Kletos] para esta função “pela vontade de Deus”. O vocábulo “vontade” [qelh,matoj - thelematos] descreve no grego a ideia de “desejo ou de querer intencional”, em outras palavras o apóstolo Paulo era de fato um apóstolo para aquela igreja porque Deus assim queria.
    Paulo era “apóstolo de Jesus Cristo” - o substantivo “apóstolo” [avpo,stoloj], no grego, descreve a ideia de um mensageiro; na verdade este é o significado deste termo; Paulo, diz que ele é um mensageiro de Cristo, a implicação disto é que a mensagem não era dele, mas do Cristo ressuscitado! O apóstolo Paulo se nomeia na carta juntamente com o seu irmão Sóstenes.
     Nos chama a atenção o nosso texto porque Paulo dirige-se a uma igreja específica e a qualifica de modo interessante: à igreja de Deus na língua grega  temos a expressão - th/| evkklhsi,a| tou/ qeou/ (tê ekkesia tou Thou) - Paulo chama aquela igreja de Igreja de Deus - ou seja, pertencente a ele, gerada por ele, vinda à existência pela vontade dele -; e por que isso nos surpreende? Porque era uma igreja muito problemática, pois, nela encontramos problemas de divisão (cap.3); era cheia caluniadores (cap.4); toleravam imoralidades terríveis (cap.5); havia crente processando outro crente (cap.6.1-11); tinha membros que se relacionavam com prostitutas (cap.6.12-20) etc... Mas, a despeito de tudo isso Paulo chama aquela igreja de Igreja de Deus! Uma grande lição para nós, precisamos olhar para a igreja como sendo uma obra da Graça de Deus a despeito de seus pecados. Os crentes desta igreja são qualificados como sendo pessoas que estão sendo “santificados” não em suas obras, mas em “Cristo Jesus”, mostrando-os que o chamado deles é para uma vida de santidade juntamente com “todos o que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Paulo relembra a doutrina do senhorio de Cristo e assim, exorta aquela igreja à prática da santidade de vida. Encerrando o texto com os desejos mais ternos. Valendo-se da dupla saudação “graça e paz” - Graça dos gregos e paz dos judeus, mostrando que o alvo de sua carta é que os crentes vivam unidos na igreja de Deus.
        O Apóstolo Paulo revela seu coração pastoral no trato com aquela igreja complicada da cidade de Corinto. Isto se mostra na tônica de ações de graças a Deus.
     Versículo 4: “Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso respeito”. Ao usar o advérbio  de modo “sempre” no grego é a palavra “pa,ntote”[pantote] o apóstolo quer nos dizer  que ele sempre tem uma atitude de “dar graças”; na língua grega temos o verbo “Euvcaristw/” - eucharistô -  que tem a ideia de uma ação continua sem interrupção, Paulo diz que sempre tinha uma atitude de está agradecendo pela existência daquela igreja.
     Paulo usa um pronome possessivo que em nossa versão está entre colchetes. Isto indica que este termo não se encontra nos melhores manuscritos gregos; a discussão surgiu quando um manuscrito grego do século 9 apresentou a seguinte expressão “nosso Deus” [qew| h`mw/n - theou hemon]; todavia, o pronome possessivo “meu”[mou] é confirmado em manuscritos mais antigos datando do 4º século. Então, o apóstolo aqui quer mostrar que ele tem um relacionamento com o seu Deus e que intercede pela Igreja de Deus.
      A gratidão aqui é “a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus;”. Esta gratidão é sobre “a graça de Deus” este é o sentido no grego. Paulo agradece a Deus por causa de sua graça que foi dada “gratuitamente em Cristo Jesus”, ou seja, ninguém merece a salvação ou a redenção por seus próprios esforços.
     Versículo 5: A razão de Paulo louvar e agradecer a Deus pela graça oferecida em Cristo está vinculada ao fato de que aqueles crentes foram “enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento”. A riqueza do cristão não é a boa casa que tem, o bom emprego, a boa família, mas aquela riqueza que procede de Deus que nos leva a uma espiritualidade autêntica.
Uma vez enriquecidos em Cristo, precisamos saber que tesouros nós temos nele. Paulo trabalha a noção do conhecimento “em toda a palavra” e “em todo o conhecimento” são dois vocábulos interessantes. O primeiro no grego é “lo,gw|”[lógô] que é “razão”, “discurso”, “palavra”; o segundo termo no grego é “gnw,sei(” [gnosei] que pode se traduzido como “conhecimento intelectual”. O Crente é alguém que sabe discursar sobre a sua fé como tem conhecimento necessário para divulgar sua fé. Então, fomos totalmente enriquecidos em toda palavra e em todo conhecimento tudo por causa de Cristo Jesus. Por causa disso Paulo agradece sempre a Deus.
Rev. João Ricardo  Ferreira de França
Ministro da Igreja


terça-feira, 26 de agosto de 2014

FORMANDO A IDENTIDADE PRESBITERIANA

FORMANDO A IDENTIDADE PRESBITERIANA.
Professor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
            Tratar do tema de identidade presbiteriana tem sido um grande desafio durante os meus anos frente à liderança de igrejas presbiterianas, pois, geralmente quando organizo uma série de estudos sobre este tópico fico surpreso quando muitos membros não sabem nada sobre sua identidade espiritual.
            Quando se pensa em uma identidade logo se busca os traços distintivos de uma pessoa – tal como a cor do cabelo, a cor da pele, a cor dos olhos, o tamanho e o peso. E incluem-se dentro dessas categorias de identidade tudo aquilo que gostamos ou não gostamos de fazer, tudo isso define quem somos, resume e compreende a nossa identidade. E o que é mais importante nisso tudo consiste em nossas convicções, o que cremos e confessamos formam a nossa identidade também.
            No tempo pós-moderno a identidade ela foi diluída pela negação conceitual da verdade absoluta. Nada mais define quem é você  ou o que você faz, pois, a verdade não existe em nossa atual cultura. Ou seja, as identidades hoje são forjadas (LUCAS, 2012, p.17) não a noção de herança herdade e coisa do gênero.
            Ao introduzir este estudo falando sobre identidade temos como objetivo elucidar que as mesmas características aplicadas à identidade pessoal aplica-se de igual modo à identidade denominacional. Ou seja, por que somos presbiterianos?
I – CONVICÇÕES PRESBITERIANAS.
            Para saber sobre a nossa identidade presbiteriana devemos primeiro, resumidamente compreender as convicções e crenças presbiteriana, claro que de modo bem geral. Os presbiterianos enfatizam cinco ideias fundamentais que são suas convicções:

1.1 – Cremos na soberania de Deus.
            Esta convicção significa que Deus é rei de todas as coisas. Ele governa cada átomo deste universo. Este é um ensino claro nas Escrituras (1 Crônicas 29:1; Isaias 55:8-9; Romanos 11:33; Romanos 11:36; 1 Crônicas 29:10-11).
1.2 – Cremos na prioridade da Graça de Deus.
“A maravilhosa graça de Deus vem de encontro a nosso mais profunda necessidade: somos pecadores carentes de misericórdia. Não merecemos a misericóridia de Deus, mas Deus a demonstra de maneira mais suprema na morte e ressurreição de Jesus em favor de pecadores como nós”(LUCAS, 2012, p.19) – ou seja, a graça de Deus é o fundamento para a nossa vida (Efésios 2.4-8).
1.3 – Cremos na Teologia do Pacto
            Ao assumir esta crença aceitamos o fato de que pelas Escrituras Deus vem contando a grande história da obra da redenção, começando no Éden (Gênesis 3.15) até o apocalipse (Apocalipse 22.14-21). A teologia da aliança é formantada em duas grandes nomemclaturas: O pacto da obras (obediência) feito com adão e sua posteridade no Jardim do Éden (Gênesis 2.15-17) e o Pacto da Graça feito com o senhor Jesus Cristo e os seus eleitos – o pacto é permeado pela perspectiva da promessa redentiva.
1.4 – Entendemos a natureza da Igreja um pouco distinta das demais denoninações.
            Na concepção bíblica a Igreja tem dois aspectos importantes ela é visivel e invísivel, entretanto, quando usamos a  “designação de visível e invisível não estamos nos referindo a duas igrejas distintas. Cristo fundou uma só Igreja;”(RYLE, 2013, p.1) A Escritura nos apresenta os aspectos distintivos da igreja: Igreja Invisível  (1 Coríntios 12.12-13); Igreja Visível (Atos 2.47). Dentro desta concepção entedemos que a Igreja é governada por uma pluralidade de presbíteros (Atos 14.26; 20.17,28) e que a esta igreja são afiliadas a elas os crentes adultos bem como os seus filhos.
1.5 – Entendemos os sacramentos de modo distinto dos demais evangélicos.
            A tradição presbiteriana entende que ao tratar de batismo isso envolve as famílias, Deus não quer apenas o individuo ele quer a família  completa, conforme aprendemos em Gênesis 17.9-14 – a circuncisão é o modelo deste relacionamento sacramental de Deus com as famílias, ou seja, este é o sinal pactual para Abraão e seus filhos. No livro de Atos, portanto, no Novo Testamento, este sinal é substituído pelo batismo e as famílias são inseridas na igreja mediante o batismo (Atos 16.13-15;31-33)
II – PRÁTICAS DOS PRESBITERIANOS
            As nossas convicções são nossas cosmovisões. Pois, “cosmovisão é um conjunto de crenças sobre as questões mais importantes da vida.” (NASH, 2012, p.25), todavia, as convicções presbiterianos inevitávelmente devem nos conduzir para as práticas presbiterianas. “Quando nos referimos a práticas, estamos falando de ações receptivas  mediante as quais nossas convicções quanto a Deus e a seus propósitos para nós são reforçadas” (LUCAS, 2012, p.21)
            A riqueza doutrinária, conforme vimos resumida acima, do presbiterianismo empolga o nosso coração, isso é tão verdade que alguém disse: “Quem conhece o presbiterianismo, não sai dele” e como colocou outro pastor presbiteriano “Quem conhece o presbiterianismo fica, queira o não, empolgado”. (NASCIMENTO; MATOS, 2007, p.8)
            Deve-se lembrar que a ortodoxia deve nos levar paras a ortopraxia (doutrina correta nos leva à práticas corretas) vejamos as práticas presbeiterians decorrentes de suas convicções:
2.1 – Práticas da piedade presbiteriana
            Estas estãos sempre voltadas para um caminhar com Deus. Estão geralmente associadas ao culto comunitário; que consiste do fruto de como experimentamos a unão e comunhão com Deus pelo Espírito que é mediante a pregação palavra; esta pregação molda a nossa espiritualidade, confronta o nosso egoísmo e nossos pecados; bem como essa piedade é formentada pelos sacramentos e pela oração.
2.2 – Práticas Litúrgicas presbiterianas
            Os presbiterianos possuem uma prática de liturgia singular. Cremos no chamado Principio Regulador do Culto  - ou seja, cada prática no culto deve ter autorização das Escrituras, e isto por meio de um mandamento expresso, um exemplo histórico ou inferência lógica. Deste princípio nasce o que chamamos de elementos do culto presbiteriano que são:
a) Leitura e Pregação da Palavra
b) Os Sacramentos – Batismo e eucaristia
c) O Cântico de Salmos
d) Oração
e) contribuição
            O culto presbiteriano é marcado pela “Ordem e decência” (1ª Coríntios 14.40) isso tudo nos fala dos nossos negócios com Deus.
2.3 – Práticas Presbiterianas quanto a Eclesiologia.
            Como já vimos que o governo da Igreja Presbiteriana é por meio da pluralidade de presbíteros; os presbiterianos tem um Manual de Ordem eclesiástica que nos diz desde coisas como a natureza da Igreja até a escolha de seus oficiais, como deve ser feita e tudo o que é necessário para vida eclesiástica. Existem dois ofícios dentro da igreja que são
a) Presbíteros e b) Diáconos.                                                                      
            Dentro do Ofício de Presbíteros existem duas classes que são:
a) Presbíteros Docentes: que são os pastores da Igreja o que se afadigam na palavra e no ensino; b) Os Presbíteros Regentes: que auxiliam ao presbítero docente no governo da Igreja. (1ª Timóteo 5.17)
Conclusão:

            A riqueza do sistema presbiteriano é incalculável, por isso, devemos resgatar urgentemente a nossa identidade presbiteriana; pois, ela moldura para nós as práticas piedosas do carater cristão.