Áudio do sermão:
A GLÓRIA
DE DEUS NO SOFRIMENTO HUMANO
João
9.1-12,35-41 ARA
Pr. João Ricardo Ferreira de França.
INTRODUÇÃO:
Às
vezes as calamidades se abatem em nossa vida. Ficamos olhando e vendo tudo o que ocorre ao nosso redor, e queremos
encontrar um culpado. Alguém que seja
tido como responsável por tudo que sofremos! Esse texto nos mostra um
pouco disso. Todavia, antes de tudo
precisamos considerar que o sofrimento pode ser visto como uma forma pela qual
Deus pode ser glorificado, vejamos:
I – O SOFRIMENTO
NEM SEMPRE É RESULTADO DE UM PECADO ESPECÍFICO. (vs.1-3a)
“Caminhando Jesus, viu um homem cego de
nascença. E os seus discípulos
perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse
cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou,
nem seus pais...”(João 9.1-3A)
A
primeira verdade que nós aprendemos no nosso texto é que nem sempre o
sofrimento é resultado de algum pecado específico; muitas pessoas pensam que o
pecado que sofrem é por causa de algum pecado específico, ou mesmo, é alguma maldição
hereditária!
Há pessoas que ensinam que o
sofrimento que os filhos passam é fruto de seu
pecado. E parece-nos que os discípulos de Jesus pensavam assim. Pensavam
que o sofrimento daquele cego foi por
causa de algum pecado de seus pais, ou mesmo do
próprio cego – isso nós chamamos de teologia da retribuição. A procura
por um responsável pelo sofrimento é a
sina do homem ao longo de toda história da raça
humana. Os amigos de Jó queriam encontrar uma explicação para o seu
sofrimento, e sugeriram que o motivo de
tanto sofrimento na vida de Jó era porque ele havia pecado.
Aqui
neste texto Jesus responde a pergunta dos discípulos de uma forma inusitada: “Nem ele pecou, nem seus pais...”.
É claro que Jesus não está negando a
doutrina da depravação total, ou do pecado original do gênero humano,
uma vez que é ensino cristalino do
evangelho que os homens são escravos do pecado (João 8.32-34); que estão mortos
em seus “delitos e pecados” (Efésios 2.1). Então, o que Cristo está ensinando
aqui? Está nos ensinando que não devemos achar ou culpar alguém por causa de
nosso sofrimento.
O sofrimento nem sempre é por causa de algum
pecado especifico; embora, todo o sofrimento existente seja consequência
daquela primeira transgressão de Adão [ Romanos 5.12-14], não figura aqui,
neste texto, a ideia de que o sofrimento deste cego é fruto de algum pecado
específico.
II – O SOFRIMENTO TEM COMO FINALIDADE A GLÓRIA
DE DEUS. (vs.3b)
“[...]
mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” (João 9.3B ARA).
É
muito difícil olhar para o sofrimento sob esta perspectiva. Como assim? O
sofrimento
glorifica a Deus? Sim. Tudo o que somos e o que passamos nesta vida visa a
glória de Deus. Alguns crentes do passado perguntaram: “Qual o fim [
propósito] supremo e principal do
homem?” – em outras palavras para quê o homem foi trazido à existência? – e a
resposta que deram foi a seguinte: “O fim supremo e principal do homem é
glorificar a Deus; e gozá-lo plena e eternamente”.
Jesus
aqui nos oferece uma alternativa para o nosso sofrimento. Antes de nos
concentrarmos em nossa dor, em nosso problema, em nossa dificuldade, deveríamos
antes de tudo olhar isso como uma oportunidade de glorificar a Deus pelo que
ele tem feito por nós!
É
claro que as “as obras de Deus” neste texto tem o sentido da ação de Deus
e de como ele é glorificado no seu modo
de agir na vida deste cego. Aquele rapaz veio ao mundo com um propósito
específico – para que as obras de Deus se manifestem nele. Para que Deus fosse
glorificado por meio de sua vida.
III – ALIVIAR O
SOFRIMENTO DO OUTRO É UMA FORMA DE
GLORIFICAR A DEUS. (vs.4-7)
“É
necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a
noite vem, quando ninguém pode
trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isso, cuspiu na terra e, tendo feito
lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego,
dizendo-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que quer dizer Enviado).
Ele foi, lavou-se e voltou vendo.” (João
9.4-7 ARA)
O
desejo para aliviar o sofrimento do cego e resolver o problema foi latente em
Cristo.
Ele compara sua obra de compaixão a um dia brilhante – todos nós
trabalhamos de dia [ um horário adequado
para o trabalho ]. “É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a
noite vem, quando ninguém pode trabalhar.”[vs 4].
A urgência da obra de Deus é presente aqui. Cristo veio fazer a vontade
de Deus neste mundo e naquele momento
Deus desejava restaurar a vida daquele cego de
nascença! O sofrimento alheio é uma forma de demonstrarmos compaixão e
misericórdia pela dor que o outro sofre; por isso, existe essa urgência de
Cristo. O senhor Jesus sabe que aquele
garoto está em profundas trevas, em profunda escuridão, então, o redentor diz:
“Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.”
(João 9.5 ARA).
Ele veio para abrir os olhos dos cegos! O mundo vive em uma cegueira espiritual e precisa da compaixão dos homens
que conhecem redentor, que tenham
coragem de apresentar a luz do mundo – que sem dúvida é Cristo!
Para
aliviar o sofrimento humano não basta apenas ter compaixão. Não basta sentir a dor, não bastar sentir dentro da
alma e ficar calado. É necessário agir. Foi o que Cristo fez, ele se moveu em direção àquele
que sofre. “Dito isso, cuspiu na terra e,
tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego, dizendo-lhe:
Vai, lava-te no tanque de Siloé (que
quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo.” (João 9.6-7 ARA)
Aqui
temos um emblema de alguém que se compadece do sofrimento humano. De alguém que
se move para aliviar a dor dos que sofrem. Cristo milagrosamente cura este
jovem. Fazendo lodo com a saliva e aplicando aos olhos do cego, e
posteriormente, manda-o a um tanque
chamado de Siloé – que é muito interessante, por meio daquela ação o senhor
Jesus estava dizendo que ele era o enviando. O que veio para aliviar a dor dos
que sofrem.
É
nosso dever como cristãos aliviar o sofrimento dos que passam por dores, dores
das perdas, da morte, do divórcio, das drogas e muitos outros sofrimentos, o
que se precisa é de um coração marcado
pela compaixão pulsando no coração dos que se professam ser seguidores de
Cristo.
IV – QUANDO O
SOFRIMENTO É CESSADO PROVOCAM-SE DIVERSAS REAÇÕES (Vs. 9-12)
Quando
o sofrimento é cessado gera muitas reações, umas positivas outras negativas, mas sempre há alguma reação. Quais
reações pode gerar a restauração de uma pessoa:
1.
Surpresa
“Então,
os vizinhos e os que dantes o conheciam de vista, como mendigo,
perguntavam: Não é este o que estava
assentado pedindo esmolas? Uns diziam: É ele. Outros: Não, mas se parece com
ele. Ele mesmo, porém, dizia: Sou eu.” (João 9.8-9 ARA).
A
restauração de alguém por vezes é vista com surpresa. Nossa! Fulano está
mudado, vejam como ele está diferente, nem parece àquela pessoa cabisbaixa de
outro dia, mas agora tá super diferente. A surpresa é tanta que a falta de
certeza quer dominar o coração. O cego reafirma e diz sim “sou eu mesmo” que
fui restaurado.
2.
Dúvida:
“Perguntaram-lhe,
pois: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: O homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos e
disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te.
Então, fui, lavei-me e estou vendo. Disseram-lhe, pois: Onde está ele?
Respondeu: Não sei.” (João 9.10-12 ARA)
Mas
também surgem dúvidas. Será mesmo? Será que houve mudança mesmo? Como ocorreu
com o cego pedinte ocorre conosco. Quando somos restaurados, quando o nosso
sofrimento cessa pessoas duvidam que tenha sido uma mudança radical
proporcionada pelo Senhor Jesus. Precisamos estar prontos para este tipo de
reação.
V – O SOFRIMENTO CESSADO DEVE NOS LEVAR A
CRISTO. (VS.35-41)
Este
é o último aspecto a ser considerado em nosso texto. Os fariseus por não
compreenderem a ação graciosa de Deus na vida do garoto o excomungaram do sinédrio. Cristo procura-o; e
confronta-o: Crês tu no Filho do Homem?
Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e
é o que fala contigo. Então, afirmou ele:
Creio, Senhor; e o adorou.(vs.35-38)
Precisamos
confrontar os homens para que eles refletiam sobre quem aquele que pode
restaurá-los, ou mesmo aquele que os restaurou! Aquele Jovem havia sido curado
por Cristo, mas precisava crer nele. Aqui temos algo importante: A cura, a
restauração não significam nada se nós não corrermos para Cristo – a nossa luz,
o nosso guia, o nosso redentor. Uma vez reconhecendo a glória de Cristo
precisamos nos render e adorá-lo! Os fariseus ignorando esta verdade são
condenados por não enxergarem Cristo como redentor de suas vidas. “Prosseguiu
Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os
que vêem se tornem cegos. Alguns dentre os
fariseus que estavam perto dele perguntaram-lhe: Acaso, também nós somos
cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas,
porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.” (vs. 9.39-41 ).
CONCLUSÃO:
1.
O sofrimento nem sempre é fruto de um pecado específico, muitas vezes
sofremos porque transgredimos a lei de
Deus, e isto é um fato, mas às vezes o nosso sofrimento deve ser para cumprir
um propósito maior.
2.
Devemos aprender a glorificar a Deus no meio do sofrimento e das tribulações
consiste em uma grande oportunidade de aprender mais de Deus, e assim, glorificá-lo.
3.
Devemos ser agentes da graça para aqueles que sofrem, estender a mão, ajudar
e socorrer quando estiver em nosso
alcance é nosso dever.
4. O sofrimento é uma forma pela
qual podemos nos aproximar do Senhor Jesus Cristo, crendo nele, tendo-o como único e suficiente
salvador, sabendo que toda a restauração
de nossa vida só é possível por causa dele.