Batismo por
Aspersão – Uma característica de nossa Identidade Presbiteriana.
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
INTRODUÇÃO:
Estamos
vivendo uma época de crise de identidade em nossa denominação, e por isso,
precisamos resgatar a nossa identidade. A Igreja Presbiteriana precisa repensar
e regressar as antigas verdades outrora defendidas com afinco na igreja.
O
nosso tema de hoje é polêmico, isto porque a comunidade evangélica da
atualidade é IMERSIONISTA, sendo assim, talvez alguns de vocês tenham assimilado
essa prática e gerado um preconceito contra o batismo por aspersão – digo que
isso é natural, mas é desprovido de fundamento. Sabe como a imersão tem sido
assimilada? Pelo menos de duas formas básicas:
1)
Pela associação com o Batismo Católico Romano – Ser aspersionista é ser
católico romano; assim, dizem os crentes modernos.
2)
João Batista batizou no Rio Jordão – Esse tem sido o argumento do
imersionistas, pois, eles supõem que se João, o Batista, batizou em um rio esse
batismo foi por imersão.
O
nosso estudo visa mostrar que estas duas premissas estão erradas. O batismo por
aspersão não é do catolicismo romano, mas é uma forma bíblica de Batismo;
segundo, João, o Batista, jamais praticou a imersão.
A
nossa Confissão de Fé declara [1] o seguinte: “Não é necessário imergir o
batizando na água; mas o batismo é corretamente administrado ASPERGINDO água
sobre o candidato” (Confissão de Fé de Westminster, Cap.23 e Séc.3). Essa é a
nossa tese neste estudo.
Vejamos
o que podemos aprender sobre este assunto:
I – O QUE É BATISMO?
O
nosso Breve Catecismo diz que “o batismo é o sacramento no qual o lavar com
água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, significa e sela a nossa
União com Cristo, a participação das bênçãos do pacto da Graça, e nosso compromisso
de pertencemos ao Senhor” (Breve Catecismo pergunta 94).
Nesta
definição de Batismo oferecida por nosso símbolo de fé podemos destacar algumas
coisas:
1.1
– O batismo é um Sacramento: O termo “Sacramento” significa algo que é Santo.
Um sacramento, dentro da definição presbiteriana, é “um sinal visível de uma
graça invisível” que tem sido destinada aos crentes em Cristo[2] , devemos
levar em consideração este conceito presbiteriano, o batismo não é qualquer
coisa, tem valor e muito valor.
1.2
– O batismo significa e sela a nossa união com Cristo: O batismo aponta para a
realidade de que fomos alcançados por Cristo, Deus declara-nos que fomos salvos
e que lhe pertencemos mediante este sacramento.
II – ANALISANDO O VOCÁBULO BATISMO
Os
imersionistas dizem que o termo Batismo significa sempre “Imergir na água”.
Dizem que os termos “Baptw”(Baptô) e “Baptizw”(Baptizô) sempre tem essa
conotação. É verdade que no grego clássico estes termos significavam “imergir”,
todavia, o grego Novo Testamento é o Grego conhecido como Koinê (Aquilo que é
comum, aquilo que é do povo). E os termos nunca são empregados no Novo
Testamento com esse sentido de imergir.
Vejamos:
1)
Batizar nem sempre é imergir: Cristo não se Batizava antes de comer veja o que
diz Lucas 11.38, o vocábulo grego empregado é “ebaptisqh”(Ebaptisthê).Outro
fato interessante é o que Marcos diz em 7.4 “quando voltam da praça, não comem
sem se aspergirem( baptiswntai - baptisôntai); e há outras cousas que receberam
para observar, como a lavagem( baptismouV - Baptismus) de copos, jarros e vasos
de metal e camas”.
Ora,
se a palavra “Batismo” significa somente imergir, então, como explicar a
imersão das camas de dormir – em qual tanque eles praticavam isso? No rio
Jordão? Como? Levavam a cama na cabeça até o rio?
Como
explicar Dn.4.25? Na versão grega do Antigo Testamento (Conhecida como
Septuaginta) diz que “Nabucodonozor foi batizado no Orvalho do Céu”. Ele foi
mergulhado no orvalho? Uma gota de chuva prova a imersão ou a aspersão?
2)
Batizar não é sepultar: Os imersionistas advogam que o Batismo é símbolo da
morte de Cristo. E apelam para Romanos 6.4ss , estes textos fala de nossa
identificação com Cristo no Batismo dele que é caracterizado como a sua morte,
e este batismo, sela nossa união com Ele. Associam que o descer a sepultura de
Cristo, é figura do seu batismo, a pergunta é: Cristo foi sepultado como nós
ocidentais somos? Ele foi baixado na cova, ou foi sepultado dentro de uma
rocha, ou caverna? Então, o modelo de nosso sepultamento não serve para tal
simbolismo do batismo de Cristo.
III – JOÃO, O BATISTA – UM IMERSIONISTA?
Os imersionistas agarram-se a João Batista dizendo que
ele praticou a imersão. Será que João praticou a imersão no seu
ministério?Alguns argumentam que ele batizou no Rio Jordão, ora se ele batizava
em um rio, logo, ele batizava por imersão. Parece-nos uma conclusão
lógica.Temos alguns problemas com essa argumentação:
1)
Quem era João Batista? Todos nós sabemos que João era o primo de Cristo, e
Filho de Isabel e Zacarias. Mas qual é era a função João? Jesus disse que João
era Profeta. Por isso, Cristo disse que ele era o Elias prometido conforme
profetizado por Malaquias 4.5, isto é fato descrito por Mateus 11.10-13. O que
iria fazer o “Elias prometido”? Em Malaquias 3.1,3 diz que ele “purificará os
filhos de Levi”, mas como era feita a purificação dos Filhos de Levi? Era por
imersão ou aspersão? Veja o que diz Números 8.6-7. Então, João não poderia ser
um imersionista.
2)
João como profeta não poderia introduzir um novo rito de purificação: É público
e notório que todos os ritos de purificação no V.T eram por aspersão, e todos
os profetas praticaram a aspersão como rito de purificação, especialmente
porque Moisés havia recebido a ordem de Deus para isso, logo, nenhum profeta
poderia alterar o rito, como João, sendo um judeu levita, poderia introduzir
tal rito estranho? Basta olharmos o primeiro capítulo do Evangelho de João 1.25
(evangelista) para vermos que isso era impossível.
IV – ALGUMAS PASSAGENS DA ESCRITURA E ASPERSÃO PROVADA
Neste
momento queremos mostrar alguns textos das Escrituras onde a imersão não
aparece, e torna-se evidente que a aspersão é o caso aplicado. Estes textos
provam que a imersão nunca foi uma prática bíblica, e assim, a aspersão é
bíblica – não pode existir duas verdades quando uma se opõe a outra, vejamos:
1)
Paulo não foi imerso: Não há como negar que Paulo foi batizado em pé Atos 9.18;
22.16. A expressão no original grego anastas ebaptisqh(anastas ebaptisthê) o
particípio grego “anastas” indica que houve uma ação simultânea entre o
levantar e ser batizado. Não há porque supor que havia um tanque batismal na casa
para isso, pois, tal não era a prática de judeus já apegados a aspersão.
2)
As abluções são traduzidas por batismos: O autor do livro de Hebreus que as
várias cerimônias de purificações no V.T são chamadas de “batismos” isso no
capítulo 9.10 e as descreve nos versículos 19-22
3)
Como explicar a imersão em I Corintios 10.1,2: É possível ser imerso na nuvem?
Ou no Mar Vermelho? Os israelitas foram imersos no Mar Vermelho? Não foram os
egípcios? Como podemos ser mergulhados em Moisés? Este texto só tem explicação
se a aspersão foi admitida no termo “batismo” que é empregado aqui.
4)
Atos 2.41 prova a imersão? A resposta é não. Porque os imersionistas não
consideram algumas coisas.
4.1)
não havia rio dentro da cidade de Jerusalém.
4.2)
como mergulhar 3 mil pessoas em um dia, em um local sem águas para a imersão
ser praticada..
Conclusão
Este
estudo tem o caráter de ser uma introdução ao assunto, solicitamos que todos
possam estudar este assunto com afinco, e assim, possamos resgatar a nossa
identidade.
[1]
A Igreja Presbiteriana do Brasil possui três símbolos de Fé: 1) A Confissão de
Fé de Westminster; 2) O Breve Catecismo de Westminster; 3) O Catecismo Maior de
Westminster.
[2]
Veja-se a Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 26, Seção 1.
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