sábado, 21 de novembro de 2015

ESTUDO NA PROFECIA DE JOEL


JOEL

Pr. João Ricardo Ferreira de França*

I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS

            O nome deste profeta na língua original é “יוֹאֵ֖ל (yoe’l)” cujo sentido é “eu sou Deus”[1] ou “Yahweh é Deus” temos poucas informações sobre ele. Somos informados que  o nome  de seu pai é “פְּתוּאֵֽל  (pethuel)” nome que tem o sentido de “persuadido por Deus”[2] (Joel 1.1). Ele morou e profetizou para Judá (Reino do Sul). Alguns comentaristas sugerem que ele tenha sido sacerdote ou que tinha “um vínculo oficial com o templo”[3]Isto porque no seu livro há muitas referências ao “ofício Sacerdotal”[4]
            O erudito Judeu Ibn Ezra “considerava impossível saber quando foi escrita esta obra”[5] Calvino é de opinião similar ao declarar que “o tempo no qual ele [Joel] profetizou é incerto”[6] outro escritor informa que “as datas propostas para o ministério de Joel e para a redação de seu livro variam desde o início do nono século a.C.”[7] As datas para a escrita do livro variam de 830 a.C até 325 a.C. E o período adequado para situar a profecia é no reinado de Joás.[8]

A terceira verdade a ser estudada é a questão “qual é a finalidade da profecia de Joel?”  resposta “advertir a nação sobre a necessidade de humildade e arrependimento, bem como sobre a certeza do julgamento vindouro.”[9]

II – O CONTEXTO DE JOEL

            Vimos no estudo sobre Oséias que Samaria / Efraim (reino do Norte) havia se corrompido com a idolatria aos bezerros de outros[10] e que Judá ainda mantinha fidelidade na adoração a Yahweh; entretanto, Judá caiu no mesmo pecado que Samaria. Como isso ocorreu? Existiu um rei em Judá cujo nome era Acazias considerado um total fracasso político e religioso (2º Crônicas 22.1-2) sua mãe chamava-se Atalia que era uma nortista (do reino do Norte) idólatra e orientara o Rei Acazias para o mal (22.3).[11] Acazias em uma aliança desesperada com o Norte decide ir à guerra contra a Síria o cronista informa que esta era a “vontade de Deus” (2º Crônicas 22.7), mas o Rei acabou morto e não deixou descendente para ascender ao trono. Sua mãe de modo maquiavélico aniquilou toda extirpe real de Judá (2º Crônicas 22.10) e assim, ela usurpou o trono de Judá (2º Crônicas 22.12).
            Na matança que a mãe de Acazias havia promovido em Judá a filha do rei Jeosabeate esposa do sacerdote Jeoiada salvou a vida de um bebê chamado Joás. (2º Crônicas 22.11).
O golpe de estado fez com que uma nortista (do reino do norte) reinasse sobre Judá (reino do sul), e uma situação irônica uma mulher se sentou no trono de Jerusalém, e não era da descendência de Davi.
            O reinado de Atalia durou sete anos (2º Crônicas 23.1) e o menino Joás passou a reinar com sete anos, mas claro que ele não reinava e sim o sacerdote Jeoiada e quando este morreu foi sepultado como um rei (2º Crônicas 24.16), mas lamentavelmente, após a morte de Jeoiada, os príncipes de Judá, já infectados pelo mal da idolatria, levaram o rei Joás para a idolatria. (2º Crônicas 24.17,18).
 Somos informados pelo redator do livro de Reis que Joás era um bom rei, enquanto o sacerdote estava vivo, entretanto, ele não conseguira remover completamente a idolatria da nação (2º Reis 12.1-3), mas acabou sendo assassinado pelos seus servos (2º Reis 12.20,21). E foi um homem que não inspirou seus súditos a tributar-lhe honra, pois não foi sepultado como rei (2º Crônicas 24.25). Lembremos que Joás de maneira maquiavélica mandara matar Zacarias, filho do sacerdote Jeoiada, a quem o rei devia muito do que possuía. (2º Crônicas 24.20-22).
            O reino do Sul estava enfrentando uma grande crise econômica devido a dois grandes problemas: a seca e a praga de gafanhotos. A seca é descrita no capítulo 1.20 e a praga dos gafanhotos apresentada no capítulo 1.4, para aquela comunidade que vivia da agricultura e da criação de ovelhas e gados, era sinal de uma grande calamidade.
            A praga de gafanhotos é bastante discutida pelos eruditos em Antigo Testamento, isto porque parece que o capítulo 1.4 indica que foi algo incomum, diante deste fato surgiram uma variação de interpretação para o fenômeno entre os hermeneutas da profecia de Joel um comentarista sobre os livros proféticos aborda este tema tecendo os seguintes comentários:
Qual é a interpretação do gafanhoto, em 2.1-11? Três interpretações são oferecidas: (1) a interpretação alegórica – conforme esta ideia, os gafanhotos se referem a exércitos inimigos que constantemente invadiam Judá para despojá-lo de seus bens; (2) A interpretação apocalíptica – segundo esta, os gafanhotos simbolizavam os exércitos terrenos que lutarão na última batalha, como se vê em Apocalipse 9 (3) A interpretação atual ou histórica – segundo ela, os gafanhotos foram reais, literais, Joel os viu descer numa nuvem sobre a vegetação da terra para devorá-la. Sem dúvidas esta interpretação é a mais correta e satisfatória.[12]
Houve uma grande seca aponto da vegetação que estava seca arder em fogo (Joel 1.19-20). E o resultado disso era a grande fome reinando em Judá. (Joel 1.10-12, 17). Entretanto, estes dois eventos calamitosos foram resultados da desobediência à Lei de Deus; pois, Yahweh já havia pronunciado antes um juízo dessa natureza àqueles que abandonam seus mandamentos e estatutos (Deuteronômio 28.15,23-24). O pastor Isaltino nos lembra que “a idolatria de tantos anos e que recebeu estímulos de Joás, recebia sua paga”[13]
O profeta Joel via nessas ações ecológicas a ação de Deus produzindo a escassez sobre a nação. Deus não tolera o pecado do seu povo e age contra o mal da idolatria reinando em Judá. Isso revela-nos que Deus é Senhor de todas as esferas da existência humana.[14]



* O autor deste estudo é Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia Reformada pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife – PE.
[1] FILHO, Isaltino Gomes  Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.57.
[2] Idem
[3] HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p.32
[4] FILHO, Isaltino Gomes  Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.57.
[5] SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas - Introducciones y comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad, 1980, p. 924
[6] CALVINO, João. Joel. Tradução: Vanderson Moura da Silva, Brasília: Editora Monergismo, 2008, p.13
[7] HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996, p.27.
[8] KAISER, JR, Walter C. O plano da promessa de Deus : teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A. G. Mendes, São Paulo: Vida Nova, 2011,  p.167
[9] YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964,  P. 220.
[10] Para ter acesso a este estudo solicite uma cópia via: joaoricardoferreiradefranca@hotmail.com
[11] Veja-se FILHO, Isaltino Gomes  Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59
[12] YATES, Kyle. Predicando de los Libros Proféticos. El Paso: Casa Bautista de Publicaciones, 1964, p.276.
[13] FILHO, Isaltino Gomes  Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59
[14] idem

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