II – O CONTEXTO DE JOEL
Pr. João Ricardo Ferreira de França
2.1 – O mundo Político e Religioso.
Vimos no estudo sobre Oséias que
Samaria / Efraim (reino do Norte) havia se corrompido com a idolatria aos
bezerros de outros[1]
e que Judá ainda mantinha fidelidade na adoração a Yahweh; entretanto, Judá
caiu no mesmo pecado que Samaria. Como isso ocorreu? Existiu um rei em Judá
cujo nome era Acazias considerado um total fracasso político e religioso (2º
Crônicas 22.1-2) sua mãe chamava-se Atalia que era uma nortista (do reino do
Norte) idólatra e orientara o Rei Acazias para o mal (22.3).[2] Acazias
em uma aliança desesperada com o Norte decide ir à guerra contra a Síria o
cronista informa que esta era a “vontade de Deus” (2º Crônicas 22.7), mas o Rei
acabou morto e não deixou descendente para ascender ao trono. Sua mãe de modo
maquiavélico aniquilou toda extirpe real de Judá (2º Crônicas 22.10) e assim,
ela usurpou o trono de Judá (2º Crônicas 22.12).
Na matança que a mãe de Acazias
havia promovido em Judá a filha do rei Jeosabeate esposa do sacerdote Jeoiada
salvou a vida de um bebê chamado Joás. (2º Crônicas 22.11).
O golpe de estado fez com que uma nortista (do reino
do norte) reinasse sobre Judá (reino do sul), e uma situação irônica uma mulher
se sentou no trono de Jerusalém, e não era da descendência de Davi.
O reinado de Atalia durou sete anos
(2º Crônicas 23.1) e o menino Joás passou a reinar com sete anos, mas claro que
ele não reinava e sim o sacerdote Jeoiada e quando este morreu foi sepultado
como um rei (2º Crônicas 24.16), mas lamentavelmente, após a morte de Jeoiada,
os príncipes de Judá, já infectados pelo mal da idolatria, levaram o rei Joás
para a idolatria. (2º Crônicas 24.17,18).
Somos
informados pelo redator do livro de Reis que Joás era um bom rei, enquanto o
sacerdote estava vivo, entretanto, ele não conseguira remover completamente a
idolatria da nação (2º Reis 12.1-3), mas acabou sendo assassinado pelos seus
servos (2º Reis 12.20,21). E foi um homem que não inspirou seus súditos a
tributar-lhe honra, pois não foi sepultado como rei (2º Crônicas 24.25).
Lembremos que Joás de maneira maquiavélica mandara matar Zacarias, filho do
sacerdote Jeoiada, a quem o rei devia muito do que possuía. (2º Crônicas 24.20-22).
2.2 – O contexto Econômico e Ecológico
nos dias de Joel.
O reino do Sul estava enfrentando
uma grande crise econômica devido a dois grandes problemas: a seca e a praga de
gafanhotos. A seca é descrita no capítulo 1.20 e a praga dos gafanhotos apresentada
no capítulo 1.4, para aquela comunidade que vivia da agricultura e da criação
de ovelhas e gados, era sinal de uma grande calamidade.
A praga de gafanhotos é bastante
discutida pelos eruditos em Antigo Testamento, isto porque parece que o
capítulo 1.4 indica que foi algo incomum, diante deste fato surgiram uma
variação de interpretação para o fenômeno entre os hermeneutas da profecia de
Joel um comentarista sobre os livros proféticos aborda este tema tecendo os
seguintes comentários:
Qual é a interpretação do gafanhoto, em 2.1-11? Três
interpretações são oferecidas: (1) a interpretação alegórica – conforme
esta ideia, os gafanhotos se referem a exércitos inimigos que constantemente
invadiam Judá para despojá-lo de seus bens; (2) A interpretação apocalíptica
– segundo esta, os gafanhotos simbolizavam os exércitos terrenos que
lutarão na última batalha, como se vê em Apocalipse 9 (3) A interpretação
atual ou histórica – segundo ela, os gafanhotos foram reais, literais, Joel
os viu descer numa nuvem sobre a vegetação da terra para devorá-la. Sem dúvidas
esta interpretação é a mais correta e satisfatória.[3]
Houve uma grande seca aponto da vegetação que estava
seca arder em fogo (Joel 1.19-20). E o resultado disso era a grande fome
reinando em Judá. (Joel 1.10-12, 17). Entretanto, estes dois eventos
calamitosos foram resultados da desobediência à Lei de Deus; pois, Yahweh já
havia pronunciado antes um juízo dessa natureza àqueles que abandonam seus
mandamentos e estatutos (Deuteronômio 28.15,23-24). O pastor Isaltino nos
lembra que “a idolatria de tantos anos e que recebeu estímulos de Joás, recebia
sua paga”[4]
O profeta Joel via nessas ações ecológicas a ação de
Deus produzindo a escassez sobre a nação. Deus não tolera o pecado do seu povo
e age contra o mal da idolatria reinando em Judá. Isso revela-nos que Deus é
Senhor de todas as esferas da existência humana.[5]
[1]
Para ter acesso a este estudo solicite uma cópia via: joaoricardoferreiradefranca@hotmail.com
[2]
Veja-se FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias,
Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59
[3]
YATES, Kyle. Predicando de los Libros Proféticos. El Paso: Casa Bautista
de Publicaciones, 1964, p.276.
[4]
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias,
Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59
[5] idem
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