domingo, 11 de janeiro de 2015

Exposição Bíblica: 1ª Coríntios 1.1-3

Série de Exposições Bíblicas:
Livro Estudado: 1ª Coríntios
Texto: 1ª Coríntios 1.1-3.
Expositor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução: Hoje nós começaremos uma série de exposições bíblicas na Primeira carta aos Coríntios. Esta carta tem sido estuda ao longo dos séculos e parece-nos que na atualidade ela tem sido aplicada de modo errado à igreja atual. Esta epístola é eminente doutrinária, prática e exortativa  -  estes são elementos crucias para a igreja de nosso tempo. Ou autor desta carta traça o perfil da doutrina da igreja primitiva, confronta a prática desta igreja que está em desarmonia com a verdade do evangelho, mas ao mesmo tempo exorta a igreja à vida de piedade e santidade neste mundo.
Elucidação:
            Vamos esclarecer o contexto desta carta para compreendermos a sua mensagem. Isto se faz necessário porque estamos distantes do público original a quem esta carta foi dirigida.
A Cidade:
            Corinto era uma cidade muito rica, era uma cidade comercial, com mais de 500.000 habitantes, na maioria deles eram escravos; tinha uma ótima localização, era portuária; e havia uma transição muito grande de pessoas de toda parte do mundo, tal circulação a cidade se “achava dominada pelos vícios com os quais as cidades comerciais geralmente são infestadas, ou seja, a luxúria,  a arrogância, a vaidade, os prazeres, a cobiça insaciável, o egoísmo desenfreado”(CALVINO, 2003, p.16).
            A riqueza escandalosa de uma minoria estava ao lado da miséria de muitos. Surgiu, inclusive,  uma expressão: “viver  à moda de Corinto” , que significava viver no luxo e na orgia.
A Igreja:
            Esta era uma igreja jovem foi fundada na chamada segunda viagem missionária de Paulo  conforme nos relata Lucas em Atos 18.1-18. Paulo desmotivado a continuar o trabalho evangelístico naquela cidade, recebe uma visão do Senhor que o estimular dizendo para que ele permanecesse pregando o evangelho porque havia muitos eleitos na cidade; o apóstolo permaneceu ali por um ano e seis meses e se viu forçado a sair da cidade por causa dos judeus que perpetravam contra a sua pregação, então o apóstolo seguiu para a Síria.
A data e escrita da carta:
            A carta foi escrita provavelmente de Éfeso no ano de 55.
Exposição:
            Paulo inicia sua carta de forma muito comum como faz nas outras cartas de sua lavra,. Ele diz “Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo, (1Co 1:1 ARA)” . O santo apóstolo começa desta forma para revindicar a sua autoridade como mensageiro de Cristo Jesus. Três verdades nós aprendemos aqui:
1. Aqueles que devem ser mestres na Igreja de Deus precisam ser chamados:
            O apóstolo Paulo nos ensina na abertura de sua carta que todos aqueles que desejam ser ministros da Palavra ou mensageiros de Cristo  devem acima de tudo receber o chamado de Deus para isso, o termo grego usado aqui “κλητὸς ”[kletos] envolve  um chamado específico de Deus para realizar uma tarefa especifica de Deus.
2. A segunda verdade é que estes chamados por Deus devem ser fiéis no exercício do seu comissionamento:
            Notemos que Paulo diz que é “chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo” ele é chamado para ser apóstolo no texto grego “ἀπόστολος ” (apostolos) tem um duplo sentido, pode se referir a função de mensageiro ou mesmo a função específica de ser um arauto do Cristo ressurreto; Paulo pretende o segundo sentido aqui. Ser um arauto de Cristo, ele foi chamado para proclamar a Cristo Jesus e deve fazê-lo de modo zeloso e fiel.
3. É um ministério outorgado pela vontade de Deus.
            Aqui somos ensinados que ninguém pode tomar para si a honra de ser um proclamador do evangelho sem que para isso seja designado pela vontade de Deus. Calvino nos alerta para isso quando comenta: “Visto que ninguém pode, por direito, assumir para si a designação e condição de ministro, a não ser que o mesmo seja chamado, assim não é suficiente que uma pessoa  seja chamada, se também não cumprir os deveres do seu oficio”.
            Ao dizer que era pela vontade de Deus que havia sido designado apóstolo de Jesus Cristo. Estava estabelecendo dois fatos importantes: primeiro, que estava sendo obediente a voz de Cristo ao transmitir o Evangelho; bem como, procurando estabelecer de modo suficiente a sua autoridade, pois, havia pessoas naquela igreja que estavam duvidando do ministério apostólico de Paulo.
            Nesta saudação Paulo inclui o nome de uma personagem “e o irmão Sóstenes,” Este era o líder da Sinagoga Judaica que havia se convertido à fé cristã (Atos 18.17); Paulo o menciona aqui para que a igreja o tenha  em alta consideração, pois, era evidente que era um homem firme no evangelho de Cristo; todavia, ele é tratado na carta com a maior honra deste mundo o de ser irmão na fé do apóstolo Paulo.
II – IGREJA DE DEUS (VS.2-3)
à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. (1Co 1:2-3 ARA)
            Paulo atribui à igreja que estava naquela cidade o seguinte título: Igreja de Deus. Quando nós consideramos aquilo que o apóstolo sabe da igreja; pois, era uma igreja partidarista ( Eu sou de Paulo, eu de Apolo, eu de Cefas...) ainda havia imoralidade terrível (Capíutlo 5), demandas judiciais entre eles (Capítulo 6), problemas familiares (cap. 7) questão sobre comer carne sacrificada (capítulo 8), não exerciam o cuidado com os seus pastores (cap.9) e por ai vai.
            Alguém poderia perguntar: como Pode Paulo chamar um igreja assim de Igreja de Deus.? Paulo não os chama com o intuito de agradá-los, mas relembra que Deus mesmo havia destinado e salvado um povo pela eleição da graça nesta cidade conforme lemos em Atos 18.9.
            Esta passagem nos traz um alerta porque muitas vezes achamos que podemos achar uma igreja sem mancha, sem mácula, e tendemos a negar o título de igreja de Deus as igrejas que fogem de nossas aspirações e preconceitos. Paulo diz que a despeito de haver tantas coisas negativas naquela igreja, ela continuava sendo a Igreja de Deus por viu no seu seio a doutrina  do evangelho bem como os sinais e selos do pacto da graça (Batismo e Ceia) estavam presentes na igreja; eles precisavam ser exortados a viver como igreja de Deus, como Paulo faz isso? Apresentando            qualidades essenciais à vida cristã:
1. A Santidade de vida:
 “aos santificados em Cristo Jesus” – os verdadeiros membros da igreja  são exortados a compreenderem que são “santificados em Cristo”, separados do mundo de pecado e consagrados para Deus. Ou seja, ninguém que tem santidade de vida pode-se considerar um cristão e nem membro da igreja de Deus. Aqueles que desejam ser povo de Deus devem imediatamente buscar a prática piedosa da santidade de vida.
Lembremos que a palavra santificação significa separação total com o mundo e assim viver de modo digno do evangelho de Cristo Jesus. O apóstolo para evitar mal entendimentos nos mostra que esta santidade é “em Jesus Cristo”. Deus nos vê como santos diante ele em Cristo Jesus
2. Vocação para a  santidade.
chamados para ser santos,” – Vocação da igreja não foi para que ela fosse mundana ou vivesse na prática do mundanismo, mas  ela é  chamada para a santidade de vida. Sabendo que esta santidade é fruto da vocação divina e provocada por ela, pois, somente pelo chamado de Deus o homem pode ser santo.
3.  A prática da Adoração.
            A terceira qualidade dos membros da Igreja de Deus é o fato de que eles são chamados à santidade com o objetivo de invocarem a Deus. “com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. O verbo “invocar” é “ἐπικαλουμένοις ”(epikalouménois) em seu sentido ativo a palavra é usada para indicar que as pessoas envolvidas pertencem ao que é invocado; no seu sentido passivo aponta para a ideia de “chamar”, Paulo diz que a igreja de Corinto é chamada de santa e santificada como igreja de Deus para junto com todas as igrejas espalhadas pelo mundo à invocar o nome do Senhor Jesus Cristo como um ato de adoração. “A invocação é um dos  principais  exercícios da fé” (CALVINO, 2003, p.33)
            A Invocação aqui neste texto tem o sentido de plena profissão de fé em Cristo, e isto se revela por meio do culto, pois, “a invocação é uma das primeiras evidências do Culto divino”(CALVINO, Idem). Esta adoração está fundamentada na doutrina do senhorio de Cristo.  Aqui Paulo mostra que a Igreja de Deus tem um Senhor, que não é apenas senhor de uma pequena porção da Igreja, mas de toda a igreja espalhada na face da terra.
4. Viver em Comunhão { vs 3}:
A quarta qualidade da Igreja de Deus é que ela deve viver em comunhão no verso três nós lemos:  “graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
            Esta saudação usual que Paulo criara para encabeçar todas as suas cartas refletem temas teológicos importantes, e o principal deles é a comunhão. Paulo deseja que a “Graça” uma saudação tipicamente dos gregos assume um caráter teológico profundo que pode indicar todas as bênçãos que a igreja tem por receber ou já recebeu das mãos de Deus, bem como favor imerecido; o apóstolo une esta saudação tipicamente grega com a saudação dos judeus “Paz” que reproduz o termo “shalom” apontado para ideia de plenitude de satisfação, de bondade, indicando um desejo de que haja tranquilidade mesmo no meio do conflito.
            Paulo ao usar esta expressão demonstra que tem um forte interesse de combater  a desarmonia que havia dentro da Igreja de Deus. Ao mesmo tempo revela que esta Graça e esta paz procedem de uma fonte segura: do Pai e do Filho. Ou seja, é desejo do Deus triúno que a Igreja viva plenamente a comunhão. Judeus e Gentios deveriam viver harmoniosamente na Igreja, vivendo assim, para a glória de Deus!
            Conclusão: A igreja é a família de Deus a despeito de todas as suas falhas, todos os seus erros, ela deve ser encarada e tratada como a Igreja de Deus. Diante disto o que podemos aprender e aplicar as nossas vidas?
1. Que tudo o que somos é por causa da vontade de Deus: Nada do que temos ou possuirmos é fruto de nosso esforço, mas tudo procede da vontade de Deus.
2. Que ministério pastoral é destinado aquém foi vocacionado para exercê-lo.

3.Que apesar da igreja tem muitas falhas ela tem qualidades ímpares: Ela deve ser santa em sua prática de vida; deve demonstrar sua vocação em santidade prática; e ainda, é composta de adoradores que procuram promover a comunhão entre os santos.

domingo, 4 de janeiro de 2015

O BATISMO INFANTIL: A CERTEZA DE QUE OS NOSSOS FILHOS PERTENCEM AO SENHOR.


O BATISMO INFANTIL: A CERTEZA DE QUE OS NOSSOS FILHOS PERTENCEM AO SENHOR.
Rev. João Ricardo Ferreira de França

INTRODUÇÃO: Este assunto é muito polêmico, há muitos que têm preconceito com este assunto.Isso porque muitos de nós temos o pensamento de que o batismo de bêbes é uma prática da Igreja Católica Romana. Outros pensam que é uma prática bíblica. Mas o que diz a Bíblia? E o debate sobre este assunto gira em torno da seguinte pergunta: Será que existe no Novo Testamento um mandamento ou ordenança para batizar os Filhos dos crentes? Os contrários à prática do batismo infantil dizem: Já que no Novo Testamento não podemos achar uma ordenança clara para batizar crianças,então, não devemos batizá-las.Para eles isso encerra o assunto. Na verdade podemos dizer sobre o assunto mais do que se imagina. Há coisas que a igreja crê e que não está claramente mostrado na Bíblia: Por exemplo, podemos citar a doutrina da Trindade – a Bíblia nunca diz que Deus é três Pessoas distintas e co-eternas. Mas, nem por isso deixamos de crer na doutrina ali revelada. Qual é o problema com a doutrina? Podemos sugerir algumas respostas:
1)      É um problema de Metodologia: Se nos aproximamos da Bíblia acreditando que a igreja é um fenômeno do Novo Testamento somente, jamais vamos entender o Batismo de Crianças; a Bíblia diz que a igreja sempre existiu em Atos 7.38[1] está escrito “a igreja que estava no deserto”.
2)      É um problema de não considerar a unidade da Bíblia: O problema aumenta quando nós não consideramos a unidade entre o V.T e o N.T. Não se conhece que há uma unidade entre os dois testamentos. O Velho Testamento é Palavra de Deus tanto quando o Novo Testamento.
3)      É um problema de desconhecimento da eclesiologia: Muitos não aceitam a doutrina do Batismo infantil porque desconhecem o que seja a igreja. Há muita falta de conhecimento sobre isso na igreja atual.

Diante disso, podemos agora considerar o nosso assunto com muita cautela. O que podemos dizer sobre o Batismo Infantil? O que diz o nosso Catecismo maior sobre isso? “A quem deve ser administrado o Batismo? O Batismo não deve ser administrado aos que estão fora da Igreja visível, e assim estranhos ao pacto da promessa, enquanto não professarem a sua fé em Cristo e a obediência a Ele, porém as crianças cujos pais, ou um só deles professarem a fé  em Cristo e obediência a Ele,então, quanto a isto, dentro do pacto e devem ser batizadas”(Catecismo Maior, Questão 166)

I – ANALISANDO O ANTIGO TESTAMENTO:
           
            Por onde devemos começar o nosso estudo? A resposta é no Antigo Testamento. Nós presbiterianos podemos dizer que este ensino começa com Abraão. Você pode dizer que é um crente do Novo Testamento e que o Antigo Testamento tem nada haver com você.Mas quero dizer-lhe que cada mensagem e doutrina no N.T tem as suas raízes no V.T. Se desejarmos conhecer profundamente a doutrina do pecado, é necessário ir até as páginas do Gênesis. Se quisermos conhecer adequadamente a Cruz precisamos ir aos cinco primeiros livros do V.T. Da mesma forma dizemos que se você quer aprender sobre o Batismo infantil ou Pedobatismo[2] é preciso começar com o Antigo Testamento.
Deus ao Criar o homem deu-lhe uma ordem de “crescer e multiplicar”(Gn.1.27-78) o propósito desta ordem é que Deus quer trazer ao mundo uma geração santa. Os filhos do primeiro casal devem ser santos. Vocês acham  que Deus criou Adão e Eva para ficarem sozinhos? A resposta é Não! Este não é o propósito da família.
Em Gênesis 3 vemos o homem cair do estado em que foi criado, então , Deus vem ao homem vs.9 e pergunta: “onde estás?” é a graça de Deus vindo até o pecador.Antes da queda tínhamos a esperança de se ter filhos santos, mas agora temos uma geração de pecadores. Mas Deus não quer esses pecadores, decide fazer uma promessa de redenção Gn 3.15, Deus vem até a primeira família dizer que há esperança . Existe a esperança de que Ele ainda trata com gerações. Deus quer se relacionar com famílias, e isso, incluem os filhos de Adão e Eva.
Nos dias de Noé temos a mesma coisa.Deus não salva apenas uma pessoa, mas uma família conforme vemos Gênesis 6.9. A redenção vem em termos de família, em termos de gerações. Deus ao longo da História vem tratando com a família.
Alguns exemplos são pertinentes quando a isso: Abraão foi salvo por Deus. Em Romanos 4, Paulo explica que a Salvação de Abraão foi pela graça e pela fé.Gênesis 15.6; Romanos 4.9, então toda a doutrina nasce no Antigo Testamento.
No texto de Gênesis 17.7-14 o pacto é chamado de eterno. Deus escolhe o sinal da circuncisão para simbolizar a salvação. Deus dá um sinal que indica a salvação aos adultos como as crianças. Para alguém se tornar o seguidor de Javé era necessário ser circuncidado Êxodo 12.48. Todo crente do A.T deveria circuncidar o Filho, imagine-se no A.T Testamento e o que você faria? Certamente você circundaria o seu filho
II – O NOVO TESTAMENTO:
            O que o Novo Testamento tem a nos ensinar sobre este assunto? Os anti-pedobatistas dizem que para uma pessoa ser batizada é necessário crer. E citam Marcos 16.15-16. O ato de crer precede o de batizar, e assim, as crianças não podem crer, logo, não devem ser batizadas. Essa é uma conclusão dos anti-pedobatistas, todavia, vejamos o que diz o texto:
            QUEM CRER E FOR BATIZADO SERÁ SALVO – esta declaração é correta, mas dizer que isso invalida o batismo de bêbes é um absurdo, pois, os nossos oponentes não leram o resto do versículo que diz:
            POREM, QUEM NÃO CRER ESTÁ CONDENADO – isto significa que para ser  salva a criança precisa crer, e ela não crer, logo,ela está condenada.
            Se o batismo é símbolo da fé, então como entender Romanos 4.11. A circuncisão é vista como o símbolo da fé que Abraão teve, e este símbolo foi aplicado aos bêbes do V.T, logo, a criança deve ser batizada. O batismo é o cumprimento da circuncisão.
            Paulo no N.T diz que o “batismo” é a “circuncisão de Cristo” Colossenses 2.11-12. O apóstolo Pedro fala do batismo de Criança quando proclama sobre Cristo em Atos 2.38-39 – A palavra grega usada aqui é teknia (teknia) que significa “criancinhas” filhos pequeninos, crianças de peito.Ele diz isso porque sabe que Deus continua agindo com família ao longo da história redentiva do povo do pacto. E, assim entendemos porque Paulo diz que os filhos dos crentes na igreja são santos em 1 Corintios 7.14.
            Há também o batismo de famílias inteiras registradas nas paginas do N.T Atos. 11.14,44-48; 16.14-15; Atos 16.31

III – A HISTORIA E O BATISTMO INFANTIL:

            Neste momento desejamos mostrar os indícios de que a história confirma o Batismo infantil. Este ponto é importante para mostrar que a igreja sempre praticou o pedobatismo.
IRINEU( do 1 século)  - Escreveu sobre o batismo infantil dizendo que Cristo mandou a igreja batizar todos os que foram alvos do evangelho, e assim, as criancinhas deveriam ser batizadas, ele declara isso em seu livro “Contra as Heresias, Livro III, Capítulo 9”.

JUSTINO, O MARTIR – Confirma o testemunho de Irineu dizendo que ele está referindo-se ao batismo de Criancinhas, ele diz isso no seu livro “Apologia I”.,
TERTULIANO – Ele é um teólogo do 3 século, defendia que seria melhor aos homens serem batizados mais tarde, pois, entendia que o batismo perdoa os pecados, e assim diz que as criancinhas deveriam ser batizadas mais tarde. Pelo testemunho de Tertuliano percebemos que o batismo de Crianças era uma prática comum na história da Igreja
            Lembremos que isso não é do período da Igreja Católica Romana, mas é muito antes.
ORIGENES – Escreve dizendo que a “Igreja tinha dos apóstolos a tradição(ordem) para administrar o batismo as criancinhas”.
As tradições não devem ser abandonadas, especialmente, aquelas advindas dos apóstolos 2 Tess. 2.15;3.6
O CONCILIO DE CATARGO – Esse concílio responde a uma carta de Fido sobre que tempo deve-se esperar para batizar uma criancinha, o concílio com  66 bispos, decidiram unanimente que a Criança poderia ser batizada antes do oitavo dia de nascido.
PELÁGIO – No ano 350 escreveu o seguinte:”Nunca tive conhecimento de alguém, nem mesmo o mais ímpio herege, que negasse o batismo às criancinhas”.
AGOSTINHO – Conhecido como o doutor da graça escreveu defendendo o Batismo infantil como sendo a fonte de redenção dos pequeninos.

Conclusão: O Batismo infantil é uma prática Bíblica e histórica da Igreja e precisamos resgatá-la em nosso meio, pois, ela nos garante a certeza de que a criança faz parta da igreja de Deus como povo do pacto do Senhor.

BIBLIOGRAFIA:
1)      Estudos Bíblicos sobre o Batismo de Crianças – Philippe Landes – Casa Editora Presbiteriana, S.D.
2)      Confissão de Fé e Catecismo Maior da Igreja Presbiteriana do Brasil -  Casa Editora Presbiteriana, 1980.
3)      Batismo Infantil – O que os Pais deveriam saber acerca deste sacramento – Editora Os Puritanos, 2000.
4)      Batismo – O Sinal do Pacto, Rev.Onezio Figueiredo, Sínodo de São Paulo, Presbitério de Casa Verde – IPB, 1993.
5)      Revistas Os Puritanos – Vamos a Casa do Senhor & A família do Pacto – Artigo: Batismo Infantil, Kenneth Wieske,2005 & 2006.



[1] O termo grego ekklhsia(ekklesía) significa igreja, Congregação dos chamados para fora do mundo e consagrados para Deus.
[2] A expressão grega “pedobatismoV” significa batismo de bêbes recém-nascidos.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

OS MANDATOS CRIACIONAIS:

OS MANDATOS CRIACIONAIS:
Rev. João Ricardo Ferreira de França.*
Introdução:
            O registro da revelação apresenta-se com três mandatos específicos Cultural, Social e Espiritual. Estes mandatos são os condutores da aliança de Deus com seu povo. Estes fios condutores da aliança configura a vida humana em sua totalidade. Dentro desta concepção insere-se a ideia da tríplice estruturada bíblica de uma cosmovisão que envolve: a criação, queda e redenção.
A tríplice estrutura e os mandatos criacionais são discutidos e apresentados pela Teologia Bíblica.  A definição desta ciência é a seguinte: “Teologia bíblica é aquele ramo da teologia exegética que lida como o processo da auto revelação de Deus registrada na Bíblia”.[1]  
Podemos assegurar que a cosmovisão [baseada na tríplice estrutura: criação, queda e redenção] é permeada pelos mandatos da criação como fios condutores do pacto de Deus com o homem. Diante disso passaremos a estudar as três ordenanças criacionais:
I – MANDATO CULTURAL.
            O que significa este mandato? Este mandato “acentua especificamente a relação da humanidade com o cosmos” [2]. A criação é o teatro da glória de Deus e o palco de nossa atuação.
Onde se fundamenta este mandato? A resposta encontra-se no texto de Gênesis 1.28: “E Deus os abençoou e lhe disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”
            A primeira frase deste texto “sede fecundos, multiplicai-vos” – “significa desenvolver o mundo social: formar famílias, igrejas, escolas, cidades, governos, leis. A segunda frase - enchei a terra e sujeitai-a – significa subordinar o mundo natural: fazer colheitas, construir pontes, projetar computadores, compor músicas.” E se faz necessário insistir que a passagem em foco é “chamada de o mandato cultural, porque nos fala que nosso propósito original era criar culturas, construir civilizações – nada mais”[3]
            O mandato cultural implica na redenção de culturas inteiras. O vocábulo dominar, empregado aqui nesta passagem, indica a ideia de “capacidade real e supervisão”. A palavra hebraica empregada “ וְיִרְדּוּ ”(veiredu) que vem da raiz “hdr” (radar) que tem o sentido de “governar, dominar” e até “subjulgar”[4]. Sabemos que em “Gênesis 1.26, 28, o verbo ocorre com um sentido positivo quando se declara que a humanidade, criada à imagem de Deus, deve subjugar a terra e reinar sobre (rdh) todos os animais. À espécie humana é dada a responsabilidade sobre a criação de Deus, como fica evidente pelo fato de que esse comando é parte da bênção de Deus (1.28)”[5].
            Devemos ressaltar que o uso do verbo dominar aqui não consistia em uma “licença para a humanidade abusar das ordens da criação”, mas pelo contrário ele deveria “ser apenas um vice-regente de Deus, e a ele, tinha de prestar contas”.[6] O aspecto da “Imago Dei” é a força propulsora para o conceito do mandato cultural na esfera do domínio neste mundo.
            Ao estudarmos sobre este mandato aprendemos que o homem é chamado para santificar e colocar cada esfera de sua vida, sua educação, seus recursos nas mãos de Cristo; e, feito isso, saber administrar cada área já mencionada para a glória de Deus neste mundo. Nancy Pearcey nos alerta: “A lição do mandato cultural é que nosso senso de cumprimento depende de nos dedicarmos ao trabalho criativo e construtivo”.[7] A isso nós chamamos de redenção cósmica. Deus nos deu este mandato para exercermos o domínio nas mais diversas áreas do saber; e para o resgate das culturas para a glória dele somente.

II – O MANDATO SOCIAL
            O segundo mandato a ser considerado é chamado de Mandato Social. Van Groningen vai dizer que este mandato pactual “fala das relações sociais’[8]. Este mandato está fundamentado em Gênesis 2.21-24:
Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.
Temos a estrutura familiar estabelecida. A família é ordenada em termos de um desapegar-se  e unir-se a outrem. Embora, já tenhamos considerado que um dos aspectos do mandato cultural é a criação familiar. Isto se torna evidente por causa da ordem divina de haver uma “fecundação e multiplicação” em Gênesis 1.26-28; todavia, esta ordem da formulação familiar está pertinentemente estabelecida aqui neste trecho de Gênesis 2.21-24.
A criação da mulher tem como objetivo evitar a solidão de Adão. O princípio extraído aqui é que o homem não é uma ilha, isolada, sozinha sem relação com outros. O companheirismo é algo que Deus prima em sua criação – o casamento não deve ser uma prisão para os solteiros, mas a liberdade da amizade e cumplicidade matrimonial.
Longman III tem uma palavra muito significativa sobre esta realidade e declara que o “casamento envolve um homem e uma mulher deixarem os pais e constituírem uma nova unidade familiar”.[9] Van Groningen novamente nos diz que este “mandato pôde ser dado porque Deus criou a humanidade à sua imagem e semelhança e como macho e fêmea. O relacionamento tinha que ser visto como um de igualdade diante de Deus”.[10]Aqui aprendemos que a organização familiar exige uma relação heterossexual. Adão se une a sua mulher. E não a outro homem, nem mesmo uma mulher se une a outra. Mas o que está escrito é que “macho e fêmea” formam uma unidade neste mandato.
Em Gênesis 1.28 temos a extensão deste mandato de forma interessante. A finalidade na geração de filhos e filhas para cumprir este mandato pactual era de capital importância. “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra”. O verbo fecundar que aparece no texto no hebraico é “פְּר֥וּ” – peru – tem o sentido de “frutificar”. O mandato social estabelece uma necessidade que o homem tem constituir familias e sociedades para cumprir a ordem original de Deus dada à raça humana. O homem deveria continuar sua posição de dominio social com a perpetuação de sua prole.
III – O MANDATO ESPIRITUAL.
            O terceiro aspecto a ser considerado é o Mandato Espiritual. Envolvia comunhão e obediência a Deus. Esta comunhão estava marcada pelo dia de adoração ao soberano de todas as coisas. Conforme vemos em Gênesis 2.1-4:
Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou.
            O conceito embrionário de um dia descanso esta alicerçado nesta passagem que evoca a comunhão primeva que o casal Adão e Eva desfrutavam com Deus. O shabbath de Deus entra em ação na narrativa bíblica “וַיִּשְׁבֹּת֙ ” ao trazer o sábado à existência Deus estava condescendo ao homem para que este pudesse desfrutar de uma comunhão intima e pessoal com Deus.
            Devemos lembrar que a guarda do sábado estava ligada aos dois mandatos pactuais anteriores:
A convicção que a guarda do sábado é uma obrigação perpétua se baseia em parte na instituição do sábado em Gênesis 2.1-3. Juntamente com o trabalho (Gn. 1.24; 2.15) e o casamento (Gn. 2.18-25), Deus instituiu o sábado para governar a vida de toda a humanidade. Assim como são permanentes as ordenanças do trabalho e do casamento, assim é a ordenança do sábado”.[11]
            No mandato espiritual ou de comunhão o homem é criado para que possa deleitar-se no dia que Deus separou para ele. Esta comunhão com Deus se dava no ambiente litúrgico.
            Ainda neste mandato estava envolvida a ideia de obediência perene a Deus conforme vemos em Gênesis 2.16-17:
E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
            Aqui temos o homem sendo chamado a pactuar com Deus. Este pacto tem sido considerado como pacto das obras, e parece-nos, que alguns sugerem que Adão deveria obedecer este pacto para obter vida eterna. Todavia, alguns preferem chama-lo de pacto de vida; e por quê? A resposta é simples aqui Deus não lhe promete a vida, mas lhe assegura da morte certa caso o desobedeça.
            A vida marcada pela comunhão com Deus e por uma espiritualidade autêntica. Adão deveria preservar essa comunhão que implicava em vida; todavia, este homem deliberadamente decide violar o pacto, violar a comunhão e em resposta a esta rebeldia ele recebe a morte.[12]
            Este mandato pactual implica numa vida de obediência e adoração a Deus de forma inegociável. O homem foi criado para glorificar a Deus e se deleitar nele, e isto é feito mediante a obediência irrestrita a Palavra de Deus bem como em celebração litúrgica a Deus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
            Na Teologia Reformada este tema dos Mandatos Criacionais é amplamente desenvolvido, todavia, é pouco aplicado e lecionado à igreja de Cristo. Podemos, ver nesta breve introdução o quão é importante para a vida e maturidade da igreja. Vimos neste estudo que a ordem para governar a terra tem sido negligenciada pela igreja de nossos dias; bem como a preservação das relações sociais hoje é ameaçado pela criação de leis contrárias a Palavra de Deus.
            No espectro espiritual podemos tirar como implicação o fato da fraqueza e letargia da igreja deve-se ao fato da negligência profunda de uma comunhão autêntica com Deus no dia do Senhor (domingo ou sábado cristão); pois, a igreja de hoje está caminhando para o secularismo, individualismo e pragmatismo – o divino não ocupa, mas a centralidade na vida das pessoas; a comunhão virou apenas temas de sermões para o final de ano, pois, cada qual vive no seu mundo sem viver a comunhão dos santos e a igreja tem empregado esforços para que haja resultados imediatos – negligenciando o crescimento saudável da igreja por meio do culto corporativo no dia do Senhor.
            Devemos reconhecer que fomos e somos criados para a obediência irrestrita a Deus e nos deleitarmos nele; devemos cumprir os nossos papéis originais intencionados por Des para a nossa vida. Deus nos criou para que tivéssemos o domínio sobre este mundo como vice-regentes, reconhecendo que cada espaço na criação é reclamado por Cristo como sendo de sua exclusiva propriedade.
            Neste processo devemos trazer à mente e ao coração que as nossas famílias são também projetos de Deus para nós, constituir famílias está atrelado à intenção original de Deus para a humanidade. A sociedade necessita de famílias equilibras e tementes a Deus o casamento e a procriação de uma descendência santa são alicerces fundamentais para a construção de uma sociedade justa.
            Por fim, devemos trazer ao coração que aquilo que confere sentido à existência é eterno e imperecível, por isso, devemos reservar um tempo para a contemplação e adoração ao Deus eterno que tudo criou. O encontro com Yahweh no seu dia é de capital importância para nós, pois, é no culto onde a nossa alma é alimentada e alentada pela Palavra imperecível de Deus. O culto familiar, o culto individual e o público são oportunidades únicas de um deleitoso prazer em Deus.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1.      GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1.
2.      ____________________. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
3.      KAISER JR., Walter C. O Plano da Promessa de Deus – Teologia Bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011.
4.      KILPP, Nelson. Dicionário Hebraico-Portugês e Aramaico-Português. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Editora Vozes, 1987.
5.      LONGMAN III, Tremper. Como Ler Gênesis. Márcio Lourenço. São Paulo: Vida Nova, 2009.
6.      PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
7.      PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Os puritanos, 2000.
8.      VANGEMEREN,Willem A.(org.) Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento. Tradutor: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.1052.
9.      VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Alberto Almeida de Paula. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.



* O autor é Ministro da Palavra pela Igreja presbiteriana do Brasil. Atualmente é pastor na Primeira Igreja Presbiteriana de Piripiri – PI. Formou-se em Teologia Reformada no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife- PE. Foi professor de línguas bíblicas (Grego e Hebraico) no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPFB) Recife – PE. É casado com Géssica Araújo Soares Nascimento de França e é pai de Lucas Luis Nascimento de França.
[1] VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Alberto Almeida de Paula. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p.16.
[2] GRONINGEN, Gerard van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.100.
[3] PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.51.
[4] KILPP, Nelson. Dicionário Hebraico-Portugês e Aramaico-Português. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Editora Vozes, 1987, p.223.
[5] VANGEMEREN,Willem A.(org.) Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento. Tradutor: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.1052.
[6] KAISER JR., Walter C. O Plano da Promessa de Deus – Teologia Bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011, p.39.
[7] PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.53
[8] GRONINGEN, Gerard van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.100.
[9] LONGMAN III, Tremper. Como Ler Gênesis. Márcio Lourenço. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.132.
[10] GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1, p.91.
[11] PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Os puritanos, 2000, p. 29.
[12] Cf. GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1, p.92.

sábado, 6 de dezembro de 2014

FORMANDO A IDENTIDADE PRESBITERIANA.

Curso de Identidade Presbiteriana.
Estudo 01
FORMANDO A IDENTIDADE PRESBITERIANA.
Professor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
            Tratar do tema de identidade presbiteriana tem sido um grande desafio durante os meus anos frente à liderança de igrejas presbiterianas, pois, geralmente quando organizo uma série de estudos sobre este tópico fico surpreso quando muitos membros não sabem nada sobre sua identidade espiritual.
            Quando se pensa em uma identidade logo se busca os traços distintivos de uma pessoa – tal como a cor do cabelo, a cor da pele, a cor dos olhos, o tamanho e o peso. E incluem-se dentro dessas categorias de identidade tudo aquilo que gostamos ou não gostamos de fazer, tudo isso define quem somos, resume e compreende a nossa identidade. E o que é mais importante nisso tudo consiste em nossas convicções, o que cremos e confessamos formam a nossa identidade também.
            No tempo pós-moderno a identidade foi diluída pela negação conceitual da verdade absoluta. Nada mais define quem é você  ou o que você faz, pois, a verdade não existe em nossa atual cultura. Ou seja, as identidades hoje são forjadas (LUCAS, 2012, p.17) não há noção de herança, herdade e coisa do gênero.
            Ao introduzir este estudo falando sobre identidade temos como objetivo elucidar que as mesmas características aplicadas à identidade pessoal aplica-se de igual modo à identidade denominacional. Ou seja, por que somos presbiterianos?
I – CONVICÇÕES PRESBITERIANAS.
            Para saber sobre a nossa identidade presbiteriana devemos primeiro, resumidamente compreender as convicções e crenças presbiteriana, claro que de modo bem geral. Os presbiterianos enfatizam cinco ideias fundamentais que são suas convicções:

1.1 – Cremos na soberania de Deus.
            Esta convicção significa que Deus é rei de todas as coisas. Ele governa cada átomo deste universo. Este é um ensino claro nas Escrituras (1 Crônicas 29:1; Isaias 55:8-9; Romanos 11:33; Romanos 11:36; 1 Crônicas 29:10-11).
1.2 – Cremos na prioridade da Graça de Deus.
“A maravilhosa graça de Deus vem de encontro a nosso mais profunda necessidade: somos pecadores carentes de misericórdia. Não merecemos a misericóridia de Deus, mas Deus a demonstra de maneira mais suprema na morte e ressurreição de Jesus em favor de pecadores como nós”(LUCAS, 2012, p.19) – ou seja, a graça de Deus é o fundamento para a nossa vida (Efésios 2.4-8).
1.3 – Cremos na Teologia do Pacto
            Ao assumir esta crença aceitamos o fato de que pelas Escrituras Deus vem contando a grande história da obra da redenção, começando no Éden (Gênesis 3.15) até o apocalipse (Apocalipse 22.14-21). A teologia da aliança é formantada em duas grandes nomemclaturas: O pacto da obras (obediência) feito com adão e sua posteridade no Jardim do Éden (Gênesis 2.15-17) e o Pacto da Graça feito com o senhor Jesus Cristo e os seus eleitos – o pacto é permeado pela perspectiva da promessa redentiva.
1.4 – Entendemos a natureza da Igreja um pouco distinta das demais denoninações.
            Na concepção bíblica a Igreja tem dois aspectos importantes ela é visivel e invísivel, entretanto, quando usamos a  “designação de visível e invisível não estamos nos referindo a duas igrejas distintas. Cristo fundou uma só Igreja;”(RYLE, 2013, p.1) A Escritura nos apresenta os aspectos distintivos da igreja: Igreja Invisível  (1 Coríntios 12.12-13); Igreja Visível (Atos 2.47). Dentro desta concepção entedemos que a Igreja é governada por uma pluralidade de presbíteros (Atos 14.26; 20.17,28) e que a esta igreja são afiliadas a elas os crentes adultos bem como os seus filhos.
1.5 – Entendemos os sacramentos de modo distinto dos demais evangélicos.
            A tradição presbiteriana entende que ao tratar de batismo isso envolve as famílias, Deus não quer apenas o individuo ele quer a família  completa, conforme aprendemos em Gênesis 17.9-14 – a circuncisão é o modelo deste relacionamento sacramental de Deus com as famílias, ou seja, este é o sinal pactual para Abraão e seus filhos. No livro de Atos, portanto, no Novo Testamento, este sinal é substituído pelo batismo e as famílias são inseridas na igreja mediante o batismo (Atos 16.13-15;31-33)
II – PRÁTICAS DOS PRESBITERIANOS
            As nossas convicções são nossas cosmovisões. Pois, “cosmovisão é um conjunto de crenças sobre as questões mais importantes da vida.” (NASH, 2012, p.25), todavia, as convicções presbiterianos inevitávelmente devem nos conduzir para as práticas presbiterianas. “Quando nos referimos a práticas, estamos falando de ações receptivas  mediante as quais nossas convicções quanto a Deus e a seus propósitos para nós são reforçadas” (LUCAS, 2012, p.21)
            A riqueza doutrinária, conforme vimos resumida acima, do presbiterianismo empolga o nosso coração, isso é tão verdade que alguém disse: “Quem conhece o presbiterianismo, não sai dele” e como colocou outro pastor presbiteriano “Quem conhece o presbiterianismo fica, queira o não, empolgado”. (NASCIMENTO; MATOS, 2007, p.8)
            Deve-se lembrar que a ortodoxia deve nos levar paras a ortopraxia (doutrina correta nos leva à práticas corretas) vejamos as práticas presbeiterians decorrentes de suas convicções:
2.1 – Práticas da piedade presbiteriana
            Estas estãos sempre voltadas para um caminhar com Deus. Estão geralmente associadas ao culto comunitário; que consiste do fruto de como experimentamos a unão e comunhão com Deus pelo Espírito que é mediante a pregação palavra; esta pregação molda a nossa espiritualidade, confronta o nosso egoísmo e nossos pecados; bem como essa piedade é formentada pelos sacramentos e pela oração.
2.2 – Práticas Litúrgicas presbiterianas
            Os presbiterianos possuem uma prática de liturgia singular. Cremos no chamado Principio Regulador do Culto  - ou seja, cada prática no culto deve ter autorização das Escrituras, e isto por meio de um mandamento expresso, um exemplo histórico ou inferência lógica. Deste princípio nasce o que chamamos de elementos do culto presbiteriano que são:
a) Leitura e Pregação da Palavra
b) Os Sacramentos – Batismo e eucaristia
c) O Cântico de Salmos
d) Oração
e) contribuição
            O culto presbiteriano é marcado pela “Ordem e decência” (1ª Coríntios 14.40) isso tudo nos fala dos nossos negócios com Deus.
2.3 – Práticas Presbiterianas quanto a Eclesiologia.
            Como já vimos que o governo da Igreja Presbiteriana é por meio da pluralidade de presbíteros; os presbiterianos tem um Manual de Ordem eclesiástica que nos diz desde coisas como a natureza da Igreja até a escolha de seus oficiais, como deve ser feita e tudo o que é necessário para vida eclesiástica. Existem dois ofícios dentro da igreja que são
a) Presbíteros e b) Diáconos.                                                                      
            Dentro do Oficío de Presbíteros existem duas classes que são:
a) Presbíteros Docentes: que são os pastores da Igreja o que se afadigam na palavra e no ensino; b) Os Presbíteros Regentes: que auxiliam ao presbítero docente no governo da Igreja. (1ª Timóteo 5.17)
Conclusão:

            A riqueza do sistema presbiteriano é incalculável, por isso, devemos resgatar urgentemente a nossa identidade presbiteriana; pois, ela moldura para nós as práticas piedosas do carater cristão.